terça-feira, 21 de abril de 2009

Espero que você nunca sinta isso

isso, minha filha, que me faz perder a fome e a dignidade.
Nunca sinta essa dor insana a cada mesa de bar que dividir, cada gole da cerveja que tomar - a dor que crava facas pelo corpo, mantém as memórias vivas e aquele sentimento morto. Que as lágrimas brotem de teus olhos, filha, por motivos maiores que este, por momentos melhores que noites assim. Noites em que nem shows, nem álcool, nem cigarros têm importância. Porque a razão de tudo que se faz e pensa está ali na mesa ao lado, rindo com outras mulheres.
Espero também que nunca sinta, filha, todo esse amor. Amor que aperta o peito e deixa sem fala, sem saber o que fazer ao ouvir o 'oi' sem graça e sem cor. Espero que não sinta essa coisa doentia, quase que obsessiva, que faz com que músicas tenham outro significado e beijos sejam como explosões. Espero que você ame muito, mas que também seja amada. Que tenha explosões de felicidade, não de paixão e ódio.
Espero, minha filha, que você nunca sinta coisas tão doentias e intensas como eu. E que por isso não escreva em guardanapos de boteco como sua mãe faz agora, com uma cerveja já quente como companhia.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

obrigada por mais um dia

Hoje andava pela casa sem saber muito o que fazer ou pensar. Dentro do armário, vi aquela velha caixinha, que acho que levarei comigo onde eu for.

Abri e fui tomada por um sentimento estranho ao olhar o papel do bombom, o elástico e a palheta. Peguei cada um deles com carinho, como se mexe em algo muito importante... preciosidades, raridades talvez (seriam o meu tesouro?). Não pude conter uma lágrima quando encontrei o guardanapo no fundo da caixa, nem precisaria ler, porque aquelas frases nunca saíram da minha cabeça...
Recomposta, guardei tudo delicadamente... pois, agora, tudo iria para o seu lugar: os velhos sentimentos devem ser descartados.

Com a caixinha roxa nas mão, caminhei em direção ao lixo. Em sua frente, mudei de ideia. Coloquei a caixinha de lado, arranquei meu coração e o lancei no cesto imundo. Parabéns para mim!