quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

vai lá, cara!


O Natal chegou e se foi tão rápido. Quando dei por conta de sua presença, lembrei que tinha esquecido de pendurar as luzinhas.

... Sem dormir, ele vai pra casa rever a família, 'fizeram comidas especiais para mim?', comprar umas coisas de última hora e fazer tudo menos descansar. Os presentes, os abraços, as palavras. Foi um presente para ele também a ver, a abraçar... tem um cabelo tão bonito! Assim preto, comprido... tão macio! Ele percebeu quando a tocou na hora do 'feliz Natal!', que todos no bar se desejavam. Mas dito por ela é tão diferente... mal sabe quão feliz está sendo! E ela dança tão engraçado, estranhamente bem. Ele poderia passar horas - na verdade dias - a vendo beber a cerveja gelada que comprou, rindo contente. Os amigos incentivam: vai lá, cara! Não, ele não vai. Contenta-se em dançar ali perto, vendo os cabelos escuros balançando e o sorriso que há tempos não via: é o seu presente de Natal.

Termino de escrever e vou ali participar da comemoração com os colegas de trabalho. Afinal, embora faltem apenas algumas horas para o dia 25 acabar, o Natal ainda não acabou. E, para o moço ali de cima, não está nem perto disso. Ah, aquele sorriso!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Quando comecei a ser chata?

Sobre como tudo muda em um ano
Ano passado, preenchendo o formulário do ENEM (aquele com milhões de perguntas aparentemente inúteis, pra todas havendo a resposta 'sou de/participar de/ajudar minha comunidade indígena') tinha a questão 'Você trabalha?'. Analisei as respostas, ignorei a opção indígena, e meus pais riram juntos, perguntando se não tinha a alternativa 'Não sei o que é isso'. Bom, eu sei o que é isso agora, quem diria. Costumava dizer que faria toda a faculdade sem trabalhar, meus pais apoiavam e foi exatamente o que fiz no primeiro semestre desse ano. Saía noite sim-noite sim, não tinha compromissos, acordava ao meio dia e lotava minha casa com vários amigos e colegas, motivo pelo qual meus vizinhos me odeiam.
Quando comecei a trabalhar, as pessoas riam e diziam que não tinha nada a ver comigo, imagina! E realmente não tinha, mas as pessoas aprendem. Eu aprendi a ficar em casa e dou valor a cada segundo em que fico lendo um livro em silêncio deitada na cama, não no caos que é uma redação. Meus amigos me visitam e tenho surtos psicóticos pra ninguém berrar, afinal, coitados dos vizinhos.
Ano passado, eu só comia o que queria, de preferência feito especialmente pra mim. Agora, como todos os dias o arroz-feijão-salada do RU de sempre, às vezes me aventuro na cozinha e até não me importo muito de ir a um restaurante sozinha.
Ano passado, eu entrava em qualquer carro de amigo que me oferecesse carona pra voltar pra casa depois da noite. Agora, tenho neuroses e faço interrogatórios: tu bebeu? quanto? tu tá consciente? Enfim, perguntas super chatas mesmo, e já deixei de aceitar carona: eu pego um táxi, bem mais seguro.
Ainda no início do ano, minha casa era superpovoada e tudo mais. Hoje emdia, tenho ataques com quem aparece no meio da tarde sem avisar, quem suja meu chão, larga copos por aí ou encosta nas minhas plantas. Ah, sim, eu tenho plantas. Tenho também o guia telefônico - que coisa de gente chata! E chego em casa do trabalho ali por 3 e meia, 4 horas, e varro a casa. Ninguém merece lugar sujo ou desorganizado. Aliás, minha mesa do trabalho é mega organizada: sou louca e estipulei um lugar pra garrafa de água, a de café, os copos, o jornal e os blocos.
Minhas preocupações são com contas pra pagar, viagens e minha família, não mais com o guri da outra turma que pegou não sei quem. Que tipo de pessoa eu me tornei?! Não, não me ajudem a sair dessa. Eu gosto muito. :)
São só uns exemplos, mas às vezes me pego pensando como tudo muda assim, e a gente nem percebe.
Tudo não, né. Porque nesse exato momento estou digitando com um band-aid na mão, que eu cortei tentando fazer comida - que ficou horrível. E o band-aid é de girafas.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Supermercado 2008

Certo dia desse ano, uma pessoa falou algo que me marcou: "É como se eu tivesse ido no super e encontrado um pacote de gente boa!". Honestamente? Eu sinto isso também.
Foi um ano diferente, cheio de altos e baixos - como sempre. No mercado que entrei, também havia muitos produtos com defeitos, alguns que me fizeram mal. E o irônico é que os que carrego na bolsa hoje, pra nunca sairem de perto de mim, são os que tem mais problemas - assim como eu. No meu pacote tem gente de todos os tipos, que me provocaram os mais diversos risos e brilhos no olhar.
Não me interessa se são hipócritas os abraços e pedidos de perdão que chegam com o fim do ano. Sei que não é preciso de data, mas eu também gosto assim. Pra que a gente possa entrar em 2009 com pendências a menos, 'como se fizesse alguma diferença' diriam os mais desacreditados. Mas faz sim. Eu também me agarro a datas pra me expor, me parece mais 'aceitável'. E eu abraço e eu perdôo. E peço desculpas também, espalhando alguns beijos e cartões por aí. Limpo os armários e reorganizo tudo, pois é isso que eu finjo esperar da vida: organização. Finjo que não amo o caos que toma conta de meus dias e anos, mas a ele também mando saudações: sem toda essa loucura, eu não seria tão feliz.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sobre o meu presépio

Eu não sou religiosa. Nem faria questão comemorar o Natal, na verdade, se não fosse uma data tão bonitinha. [momento materialista] Fora que eu amo os mil presentes, as comidas deliciosas e os ursinhos da Coca Cola [/momento materialista]. Mas esse post não é sobre o dia do Natal em si (eu escrevo sobre isso outro dia), mas sim sobre o que o antecede (e não são as compras): a decoração. Eu piro na decoração de Natal! É o único momento do ano em que eu vejo vermelho junto com verde e acho legal. As lojas ficam lindas, cheia daquelas luzinhas coloridas e neve artificial que se despedaça na nossa cabeça! É tudo tão brega e TÃO legal. Até hoje eu vou conversar com o Papai Noel e minha mãe tira uma foto.
E todos os anos da minha vida, embalada pelo espírito natalino, minha família resolve decorar a casa junta. Começa então a divisão das tarefas. Lembro que eu e meu irmão sempre ficávamos responsáveis pelo pinheirinho e pelo presépio, enquanto meus pais saiam espalhando papais noéis (o inflável gigante que ficava no telhado era meu namorado, hehe), luzinhas e coisas verde e vermelhas pelo terreno. O pinheirinho era uma tranquilidade: aquela árvorezinha artificial tinha tudo imaginável jogado por cima como enfeite. Bolas quebradas, algodão pelo chão (a neve, oras)... tudo normal.
O maior problema da nossa empresa natalina era o presépio. Lá em casa, temos uma caixa com diversos bonequinhos. Eu sempre fazia questão de por todas as vacas encontradas, meu irmão costava das ovelhas. Mas como - na teoria - um presépio não tem tanto espaço quanto um pinheirinho, começava o conflito. Qual bonequinho é melhor? Enfim.. lembro de um ano em que nosso presépio tinha dois Jesus, haha! Tudo porque não chegamos a um acordo de qual era mais bacana. Mas isso não tinha problema, porque colocávamos animais suficientes para ambos. As pessoas - o real significado da decoração - não eram tão presentes assim, porque sempre tinha uns 7 animais para cada uma. Quando acabavam os da caixa, escolhíamos uns outros da nossa caixa de brinquedos. Achávamos rídiculo só vacas, cabras, burros... por que não uma girafa? E um elefante? Logo, concluimos que não poderíamos excluir ninguém. E isso significa que passamos a colocar dinossauros no presépio. Quem disse que eles não estavam lá?
Talvez qualquer pessoa mais religiosa ou tradicional tivesse ataques, mas na minha casa é assim. E - juro - sou uma pessoa melhor por isso!
Na verdade, só lembrei desse fato porque esse fim de semana fui para casa e sorri ao ver um lindo tiranossauro do lado da manjedoura.

A música que voltou


O sol voltou a brilhar e os passarinhos a cantar.
Acordo cedo com as crianças gritando e correndo, já não me irrito - viro para o lado e volto a dormir.
A Sessão da Tarde nunca esteve tão divertida e até o pão de queijo frio que me serve de almoço está uma delícia. Venho para o trabalho tranquila, os 'boa noite' que recebo estão mais calorosos.
Logo, fugiremos da cidade, do asfalto e vamos para praia. Ah, a praia.
Ao chegar em casa, deixo tudo organizado, tomo um banho quente e vou para a cama ler um livro. Tudo isso cantando. Tudo isso porque dezembro finalmente está completo.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Oba!

Pirei, pirei, pirei o cabeçãããão!

"É isso que tu faz da tua vida?" (preferiu não ser identificado, domingo 14/12, 5:30 a.m.)

Uhum, bem isso. Desde sempre. Tinha esquecido?

sábado, 13 de dezembro de 2008

face

Os olhos sem brilho, a boca seca.

Meus lábios grudados, mesmo tendo bebido todas aquelas cervejas noite passada - será essa a causa?Tento abrir a boca para falar, gritar: será que me costuraram? Consigo finalmente, com força, romper o lacre, arrebentar os pontos. Sinto o gosto de sangue, o sal do líquido viscoso que agora escorre como se fosse um rio. A enchente me toma. A boca não está mais seca.
Lenvanto da cama e vou a frente do espelho. Encaro meus olhos que doem, sem cor, sem brilho. Quando foi que perdi minha vontade de viver? O vazio dessa vida tomou-me a alma e transparece em meu olhar. Lembro da noite passada - ou daqueles anos todos - e sinto. Sinto meu peito sufocar e as lágrimas brotam. Choro como uma criança com medo - e o que sou eu senão isso? As gotas misturam-se ao sangue, é um gosto estranho de tudo misturado. Mas os olhos voltaram a brilhar.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Sobre redescobrir a vida em teus olhos

Meus olhos no fundo da xícara. Como se fosse o fundo do poço.

Hoje, eu voltei a enxergar.

E para quem antes nada via senão a escuridão, é bom até mesmo se ver no fundo. Pois não há nada que impeça a subida.

Hoje, eu voltei a acreditar.




"Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a
ser feliz."

(O Pequeno Príncipe)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A gente se fala!

Ela me provoca, me deixa louco! E só porque eu sei que ela não pode... Senta no meu colo, quer fazer trabalho em grupo. Coitado do namorado dessa menina, o cara é tri gente boa e ela fica fazendo isso... e eu tentando me controlar.
Eu tava dormindo quando ela apareceu lá em casa, pedindo ajuda, tava com uns problemas. Pô, só o que me falta ser treta com o boy - nem quero ouvir isso aí. Mas era uma merda em casa, brigou com a mãe. Ficamos vendo uns vídeos engraçados, só de ver esse sorriso até valeu apena colocar minha calça e levantar da cama. "Tava dormindo, né? Trabalhou até tarde?" É, era isso mesmo... semana horrível essa, só me incomodei. "Hm, não me importaria se tu tivesse sem as calças". Começou. Essa louca desvairada acaba de iniciar o ataque - me deixa louco! Dou aquela risada sem graça, por que diabos ela não pára de me sacanear?
Ela começou a ler uns e-mails, vou voltar a deitar. "Não, não vou dormir, pode ir conversando", "Já tirou a roupa?". Porra, ela fala como se fosse engraçado. É esse jeito de falar tudo brincando que me confunde, pô, o namorado dela é legal, jogamos futebol esses dias. Ela nem faria nada, é só pra provocar. Cadela!
As teclas pararam de fazer barulho na sala, algum vídeo deve estar carregando. "Vem cá!". Puts, olha como ela me controla. Levantei da cama e fui mesmo, vai saber o que ela queria. Nem terminei de entrar na sala e já me jogou no sofá, depois no chão. Me fez ligar pro trabalho, vou me atrasar aí. E ainda mandou uma mensagem pro namorado, a cretina! Não senti o doce, a leveza. Na verdade, senti o que espero sempre: o gosto de carne, o suor, o ímpeto. Não mais que três beijos são necessários para que estejamos sem roupas, no chão, aos gritos. A gente rola, briga, se ama. Não é amor, é sexo. Essa cachorra só me quer pra isso mesmo - e tem o descaramento de fazer declarações no meu ouvido. Eu não quero escutar, não quero acreditar, só quero continuar a vida toda no chão da sala, com fúria. Mas não podemos: tenho que trabalhar e ela tem uma janta.
"Aconteceu..."
"...de novo."
"Mas foi a última vez, tu sabe que eu não posso"
"É que a culpa é só minha, né..."
"Não é isso"
"Tá, vou trabalhar"
"Eu te ligo..."
"Tá, que seja. A gente se fala"

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

hot pants!

Eu amo compras. Amo carregar aquelas sacolas cheinhas, chegar em casa e colocá-las sobre a cama - observando minhas aquisições com um brilho nos olhos. Enfim, sou uma dessas "consumistas de merda que fazem o mundo ser o lixo capitalista que é" como diriam certas pessoas mal vestidas da faculdade - E DAÍ, sou super feliz assim.
Mas se tem coisa que eu não suporto é comprar calças. Sim, uma coisa simples como calças: por que a gente não anda de perna de fora? Logo, eu uso as minhas ao máximo, até não ter escolha e ir à luta: vamos para o shopping. Já vou direto pro shopping porque é certo que precisarei de muitas lojas e muitas opções. E falo 'vamos' porque eu não vou sozinha jamais, corro risco de apanhar das vendedoras. Só duas pessoas aguentaram até hoje essa saga: minha mãe (mãe é mãe, né) e a Fernanda. Morando longe de minha mãe, sobrou para Fernanda, que foi aprovada com méritos. Ela é o tipo de menina meiga e educada, que faz o intermédio entre eu e a atendente - uma mais furiosa que a outra.
Não é que eu não saiba o que eu quero: é justamente o contrário. Eu NÃO gosto de: brilho, cores, objetos pendurados, cintura super-ultra-mega-baixa, bolsos chamativos e etiquetas gigantes. Deve ter mais coisa, mas esqueci agora. Então, tudo o que eu quero é uma calça normal! É difícil? Infelizmente é, meus amigos.
Entramos na loja 1. Sou muito clara em relação ao que eu quero. A mulher simpática começa a mostrar as novidades: brilho, brilho, etiqueta gigante, muito brilho, bolsos ridículos. Paro, respiro, explico de novo. Brilho, cores, cordinhas, brilho. Explico mais uma vez. Fernanda prevê o perigo e me encaminha para o provador: "Só pra ver qual o tamanho que tem que ser...". Fernanda explica calmamente para a mulher, que já está ficando irritada (não mais que eu). Provo uma calça qualquer, pra ter certeza do número, meu Deus, que calça ridícula haha. A atendente está colocando a loja abaixo, Fernanda faz o favor de levar uma a uma até o provador - depois do vigésimo 'não', ela nem pergunta mais, vê no meu rosto a resposta. A vendedora está furiosa, eu também. Mas, para ela, virou uma questão de honra. Disse Fernanda que a viu quando teve a idéia: resgatou uma calça do fundo de uma prateleira. Essa eu provei, era normal. Mas era preta. Vamos embora da loja, se eu não achar mais nada volto aqui. Do corredor, vi os olhares solidários das outras atendentes para a que me 'ajudou'.
Lá pelo quinto estabelecimento, já começo a sentir o cansaço da pobre Fernanda, que está pronta para apartar uma briga minha e de lojistas a qualquer instante. É um daqueles lugares que a mocinha pergunta teu nome e fica sendo querida o tempo todo. "Ai, Ângela, vamos dar uma olhadinha na coleção nova? Ai, essa ficaria liiinda em ti!". Bom, se vai ficar linda, deixa eu provar. É, bonitinha. Tem uma barra meio estranha, mas eu mando cortar. Mas, pequeno problema, não passa na minha bunda. Nem que eu deite na cama, fique dias sem comer e use um daqueles modeladores vai entrar. "Moça, preciso de uma maior." TÃN-DÃN, a cara de nojo. Me olhou como se eu tivesse soltado um peido e disse "Não tem maior", horrorizada. Ah, por favor, 40 não é gorda!!!
Saio da loja frustrada. Passamos por uma daquelas de 'tamanhos grandes' e Fernanda tenta quebrar o clima tenso: "quem sabe vamos nessa, hehe". Me olha e grita: "não chora, por favor!! Eu tô brincando". Por pouco não foi tarde, respiro fundo e sigo em frente. Tomei uma decisão drástica: não entro mais em lojas coloridas ou com vendedoras miguxas. Aliás, talvez eu nem compre a calça hoje.
Entro em uma loja qualquer, a calça da vitrine era bonita. A vendedora me mostra umas 15 calças, nenhuma é a da vitrine, embora eu tenha deixado claro que era justo essa que eu queria. Quando a moça encontrou o modelo desejado, me enviou para o provador. Dou uma olhada na calça: tem tanta lycra assim? Porque ela jamais vai entrar em mim! Antes de provar, ainda bem, dou uma olhada na etiqueta: 36. Convencida de um engano, chamo a atendente: "Você errou o número...". "Não, mas tu usa 36!", "Mão, moça, não uso" "Usa sim!". ESCUTA AQUI, MOÇA, EU USO CALÇA HÁ ANOS, EU SEI QUE NÚMERO EU USO. De qualquer forma, mesmo a do meu número ficou ridícula.
Desmotivadas, passamos por uma loja pequena, escondida em um canto do shopping. O tipo de loja que minha mãe entraria. Eu entrei! A vendedora sorridente me fala "Tu tem certeza que quer algo daqui?". Sim, eu tenho! Adivinhem onde comprei minha calça? Linda, básica, sem cortes, cores, bordados absurdos, sem revelar metade da minha bunda... e pela metade do preço das outras lojas!
Fica o apelo: por favor, estilistas, façam calças não-piriguetes!