quinta-feira, 25 de junho de 2009

álbum/coleção/pri

Em toda a minha vida, só consegui completar dois álbuns: o da Barbie e o do Pokémon. Tudo isso já faz um tempo, mas os folheio até hoje, orgulhosa. Há, ainda, um terceiro álbum, que ganhei quando nasci e que desde então - às vezes muitas, às vezes menos - colo figurinhas: é o álbum das frustrações.
Nunca vi sua capa, pois em momento algum eu pude fechá-lo, parece que estou sempre em busca de mais decepções para a coleção. Ao contrário dos outros álbuns, que tenho como um troféu, este eu gostaria de apenas esquecer. Mas como esquecer as figurinhas que tanto marcaram, que tanto sofremos para conseguir, como as insígnias brilhantes do Pokémon ou os sapatos da Barbie?
A gente não esquece. E volta e meia - assim, quando tudo parece tranquilo - o álbum sem capa dança bem na nossa frente, mostrando aquele narizinho gelado e o teu jeito único de correr, só para provocar. Não que precise, pois não passa um dia sem que eu me lembre daquele seisdejunhodedoismilecinco. E de um corpo do chão. E já faz mais de 4 anos...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Existem dores de todas as formas e intensidades. Existem, ainda, dores que superam as próprias dores. Nelas, não é a maquiagem acumulada de tantas noites que faz o olho doer, não é a bebida de ontem que faz a cabeça explodir, nem o vento que faz com que o corpo trema de frio: damos então boas vindas à dor na alma.
O pior de tudo é quando a dor não grita, é quando ela fica calada, comendo cada pedaço do ser. É quando não se tem forças para agir e ninguém estende a mão. É quando tudo desmorona bem na nossa frente, no copo de martini. É quando se vomita e não se pensa 'nunca mais vou beber', mas 'preciso de mais um drink'. É não saber mais pelo quê se chora.
Dói dos fios do cabelo aos dedos do pé. Dói tudo e dói cada parte do corpo e da mente, é a vida que dói junto. E os melhores amigos passam a ser a caixa de lenços e um tarja preta, porque a gente não quer - a gente não pode mais - ficar sozinho.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Eu escrevo

Por dias estive pensando: por que, afinal, eu escrevo? Não buscava uma resposta bonita para justificar os poemas nos guardanapos de bar, mas algo verdadeiro. E, certa madrugada, ela veio: eu escrevo porque sinto.

Sinto o calor do sol e a dor do corte. Sinto o cheiro das rosas que ele enviou e a saudade de minha casa. E sinto muito por ter errado. Nas vezes em que não consigo falar o que estou sentindo, me consola poder escrever. Então escrevo que a luz do dia me faz feliz e que adoro o jeito que ele me olha. E escrevo cartas de perdão.

Escrevo porque sou feliz e sou triste, porque sinto coisas demais e não sei separar. Porque, no fundo, espero que as palavras me façam compreender o incompreensível. Façam com que a dor cesse e o amor se multiplique. Escrevo porque sinto e sou. Eu dou vida aos meus pensamentos com a ponta de um lápis e é isso que me faz existir. Existir além do senso comum, ser o pai que perde a filha e ser também a princesa apaixonada. Ser a trapezista que sonhei na infância e ser o cachorro que não tenho. Ser a menina que quer mudar o mundo e ser o garoto apaixonado pelo melhor amigo. Ser tudo e todos por algumas linhas, alguns parágrafos. Porque, no fundo, eu não sei quem sou. Porque eu sou o que penso. E cada uma das palavras que escrevo são uma parte de mim.

Escrevo porque sou as personagens que crio e sou as lágrimas que deixo cair sobre o papel.

Eu escrevo para viver.





[Publicado originalmente em: http://clubedaescrita.wordpress.com/2009/04/27/eu-escrevo/]