quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

vai lá, cara!


O Natal chegou e se foi tão rápido. Quando dei por conta de sua presença, lembrei que tinha esquecido de pendurar as luzinhas.

... Sem dormir, ele vai pra casa rever a família, 'fizeram comidas especiais para mim?', comprar umas coisas de última hora e fazer tudo menos descansar. Os presentes, os abraços, as palavras. Foi um presente para ele também a ver, a abraçar... tem um cabelo tão bonito! Assim preto, comprido... tão macio! Ele percebeu quando a tocou na hora do 'feliz Natal!', que todos no bar se desejavam. Mas dito por ela é tão diferente... mal sabe quão feliz está sendo! E ela dança tão engraçado, estranhamente bem. Ele poderia passar horas - na verdade dias - a vendo beber a cerveja gelada que comprou, rindo contente. Os amigos incentivam: vai lá, cara! Não, ele não vai. Contenta-se em dançar ali perto, vendo os cabelos escuros balançando e o sorriso que há tempos não via: é o seu presente de Natal.

Termino de escrever e vou ali participar da comemoração com os colegas de trabalho. Afinal, embora faltem apenas algumas horas para o dia 25 acabar, o Natal ainda não acabou. E, para o moço ali de cima, não está nem perto disso. Ah, aquele sorriso!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Quando comecei a ser chata?

Sobre como tudo muda em um ano
Ano passado, preenchendo o formulário do ENEM (aquele com milhões de perguntas aparentemente inúteis, pra todas havendo a resposta 'sou de/participar de/ajudar minha comunidade indígena') tinha a questão 'Você trabalha?'. Analisei as respostas, ignorei a opção indígena, e meus pais riram juntos, perguntando se não tinha a alternativa 'Não sei o que é isso'. Bom, eu sei o que é isso agora, quem diria. Costumava dizer que faria toda a faculdade sem trabalhar, meus pais apoiavam e foi exatamente o que fiz no primeiro semestre desse ano. Saía noite sim-noite sim, não tinha compromissos, acordava ao meio dia e lotava minha casa com vários amigos e colegas, motivo pelo qual meus vizinhos me odeiam.
Quando comecei a trabalhar, as pessoas riam e diziam que não tinha nada a ver comigo, imagina! E realmente não tinha, mas as pessoas aprendem. Eu aprendi a ficar em casa e dou valor a cada segundo em que fico lendo um livro em silêncio deitada na cama, não no caos que é uma redação. Meus amigos me visitam e tenho surtos psicóticos pra ninguém berrar, afinal, coitados dos vizinhos.
Ano passado, eu só comia o que queria, de preferência feito especialmente pra mim. Agora, como todos os dias o arroz-feijão-salada do RU de sempre, às vezes me aventuro na cozinha e até não me importo muito de ir a um restaurante sozinha.
Ano passado, eu entrava em qualquer carro de amigo que me oferecesse carona pra voltar pra casa depois da noite. Agora, tenho neuroses e faço interrogatórios: tu bebeu? quanto? tu tá consciente? Enfim, perguntas super chatas mesmo, e já deixei de aceitar carona: eu pego um táxi, bem mais seguro.
Ainda no início do ano, minha casa era superpovoada e tudo mais. Hoje emdia, tenho ataques com quem aparece no meio da tarde sem avisar, quem suja meu chão, larga copos por aí ou encosta nas minhas plantas. Ah, sim, eu tenho plantas. Tenho também o guia telefônico - que coisa de gente chata! E chego em casa do trabalho ali por 3 e meia, 4 horas, e varro a casa. Ninguém merece lugar sujo ou desorganizado. Aliás, minha mesa do trabalho é mega organizada: sou louca e estipulei um lugar pra garrafa de água, a de café, os copos, o jornal e os blocos.
Minhas preocupações são com contas pra pagar, viagens e minha família, não mais com o guri da outra turma que pegou não sei quem. Que tipo de pessoa eu me tornei?! Não, não me ajudem a sair dessa. Eu gosto muito. :)
São só uns exemplos, mas às vezes me pego pensando como tudo muda assim, e a gente nem percebe.
Tudo não, né. Porque nesse exato momento estou digitando com um band-aid na mão, que eu cortei tentando fazer comida - que ficou horrível. E o band-aid é de girafas.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Supermercado 2008

Certo dia desse ano, uma pessoa falou algo que me marcou: "É como se eu tivesse ido no super e encontrado um pacote de gente boa!". Honestamente? Eu sinto isso também.
Foi um ano diferente, cheio de altos e baixos - como sempre. No mercado que entrei, também havia muitos produtos com defeitos, alguns que me fizeram mal. E o irônico é que os que carrego na bolsa hoje, pra nunca sairem de perto de mim, são os que tem mais problemas - assim como eu. No meu pacote tem gente de todos os tipos, que me provocaram os mais diversos risos e brilhos no olhar.
Não me interessa se são hipócritas os abraços e pedidos de perdão que chegam com o fim do ano. Sei que não é preciso de data, mas eu também gosto assim. Pra que a gente possa entrar em 2009 com pendências a menos, 'como se fizesse alguma diferença' diriam os mais desacreditados. Mas faz sim. Eu também me agarro a datas pra me expor, me parece mais 'aceitável'. E eu abraço e eu perdôo. E peço desculpas também, espalhando alguns beijos e cartões por aí. Limpo os armários e reorganizo tudo, pois é isso que eu finjo esperar da vida: organização. Finjo que não amo o caos que toma conta de meus dias e anos, mas a ele também mando saudações: sem toda essa loucura, eu não seria tão feliz.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sobre o meu presépio

Eu não sou religiosa. Nem faria questão comemorar o Natal, na verdade, se não fosse uma data tão bonitinha. [momento materialista] Fora que eu amo os mil presentes, as comidas deliciosas e os ursinhos da Coca Cola [/momento materialista]. Mas esse post não é sobre o dia do Natal em si (eu escrevo sobre isso outro dia), mas sim sobre o que o antecede (e não são as compras): a decoração. Eu piro na decoração de Natal! É o único momento do ano em que eu vejo vermelho junto com verde e acho legal. As lojas ficam lindas, cheia daquelas luzinhas coloridas e neve artificial que se despedaça na nossa cabeça! É tudo tão brega e TÃO legal. Até hoje eu vou conversar com o Papai Noel e minha mãe tira uma foto.
E todos os anos da minha vida, embalada pelo espírito natalino, minha família resolve decorar a casa junta. Começa então a divisão das tarefas. Lembro que eu e meu irmão sempre ficávamos responsáveis pelo pinheirinho e pelo presépio, enquanto meus pais saiam espalhando papais noéis (o inflável gigante que ficava no telhado era meu namorado, hehe), luzinhas e coisas verde e vermelhas pelo terreno. O pinheirinho era uma tranquilidade: aquela árvorezinha artificial tinha tudo imaginável jogado por cima como enfeite. Bolas quebradas, algodão pelo chão (a neve, oras)... tudo normal.
O maior problema da nossa empresa natalina era o presépio. Lá em casa, temos uma caixa com diversos bonequinhos. Eu sempre fazia questão de por todas as vacas encontradas, meu irmão costava das ovelhas. Mas como - na teoria - um presépio não tem tanto espaço quanto um pinheirinho, começava o conflito. Qual bonequinho é melhor? Enfim.. lembro de um ano em que nosso presépio tinha dois Jesus, haha! Tudo porque não chegamos a um acordo de qual era mais bacana. Mas isso não tinha problema, porque colocávamos animais suficientes para ambos. As pessoas - o real significado da decoração - não eram tão presentes assim, porque sempre tinha uns 7 animais para cada uma. Quando acabavam os da caixa, escolhíamos uns outros da nossa caixa de brinquedos. Achávamos rídiculo só vacas, cabras, burros... por que não uma girafa? E um elefante? Logo, concluimos que não poderíamos excluir ninguém. E isso significa que passamos a colocar dinossauros no presépio. Quem disse que eles não estavam lá?
Talvez qualquer pessoa mais religiosa ou tradicional tivesse ataques, mas na minha casa é assim. E - juro - sou uma pessoa melhor por isso!
Na verdade, só lembrei desse fato porque esse fim de semana fui para casa e sorri ao ver um lindo tiranossauro do lado da manjedoura.

A música que voltou


O sol voltou a brilhar e os passarinhos a cantar.
Acordo cedo com as crianças gritando e correndo, já não me irrito - viro para o lado e volto a dormir.
A Sessão da Tarde nunca esteve tão divertida e até o pão de queijo frio que me serve de almoço está uma delícia. Venho para o trabalho tranquila, os 'boa noite' que recebo estão mais calorosos.
Logo, fugiremos da cidade, do asfalto e vamos para praia. Ah, a praia.
Ao chegar em casa, deixo tudo organizado, tomo um banho quente e vou para a cama ler um livro. Tudo isso cantando. Tudo isso porque dezembro finalmente está completo.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Oba!

Pirei, pirei, pirei o cabeçãããão!

"É isso que tu faz da tua vida?" (preferiu não ser identificado, domingo 14/12, 5:30 a.m.)

Uhum, bem isso. Desde sempre. Tinha esquecido?

sábado, 13 de dezembro de 2008

face

Os olhos sem brilho, a boca seca.

Meus lábios grudados, mesmo tendo bebido todas aquelas cervejas noite passada - será essa a causa?Tento abrir a boca para falar, gritar: será que me costuraram? Consigo finalmente, com força, romper o lacre, arrebentar os pontos. Sinto o gosto de sangue, o sal do líquido viscoso que agora escorre como se fosse um rio. A enchente me toma. A boca não está mais seca.
Lenvanto da cama e vou a frente do espelho. Encaro meus olhos que doem, sem cor, sem brilho. Quando foi que perdi minha vontade de viver? O vazio dessa vida tomou-me a alma e transparece em meu olhar. Lembro da noite passada - ou daqueles anos todos - e sinto. Sinto meu peito sufocar e as lágrimas brotam. Choro como uma criança com medo - e o que sou eu senão isso? As gotas misturam-se ao sangue, é um gosto estranho de tudo misturado. Mas os olhos voltaram a brilhar.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Sobre redescobrir a vida em teus olhos

Meus olhos no fundo da xícara. Como se fosse o fundo do poço.

Hoje, eu voltei a enxergar.

E para quem antes nada via senão a escuridão, é bom até mesmo se ver no fundo. Pois não há nada que impeça a subida.

Hoje, eu voltei a acreditar.




"Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a
ser feliz."

(O Pequeno Príncipe)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A gente se fala!

Ela me provoca, me deixa louco! E só porque eu sei que ela não pode... Senta no meu colo, quer fazer trabalho em grupo. Coitado do namorado dessa menina, o cara é tri gente boa e ela fica fazendo isso... e eu tentando me controlar.
Eu tava dormindo quando ela apareceu lá em casa, pedindo ajuda, tava com uns problemas. Pô, só o que me falta ser treta com o boy - nem quero ouvir isso aí. Mas era uma merda em casa, brigou com a mãe. Ficamos vendo uns vídeos engraçados, só de ver esse sorriso até valeu apena colocar minha calça e levantar da cama. "Tava dormindo, né? Trabalhou até tarde?" É, era isso mesmo... semana horrível essa, só me incomodei. "Hm, não me importaria se tu tivesse sem as calças". Começou. Essa louca desvairada acaba de iniciar o ataque - me deixa louco! Dou aquela risada sem graça, por que diabos ela não pára de me sacanear?
Ela começou a ler uns e-mails, vou voltar a deitar. "Não, não vou dormir, pode ir conversando", "Já tirou a roupa?". Porra, ela fala como se fosse engraçado. É esse jeito de falar tudo brincando que me confunde, pô, o namorado dela é legal, jogamos futebol esses dias. Ela nem faria nada, é só pra provocar. Cadela!
As teclas pararam de fazer barulho na sala, algum vídeo deve estar carregando. "Vem cá!". Puts, olha como ela me controla. Levantei da cama e fui mesmo, vai saber o que ela queria. Nem terminei de entrar na sala e já me jogou no sofá, depois no chão. Me fez ligar pro trabalho, vou me atrasar aí. E ainda mandou uma mensagem pro namorado, a cretina! Não senti o doce, a leveza. Na verdade, senti o que espero sempre: o gosto de carne, o suor, o ímpeto. Não mais que três beijos são necessários para que estejamos sem roupas, no chão, aos gritos. A gente rola, briga, se ama. Não é amor, é sexo. Essa cachorra só me quer pra isso mesmo - e tem o descaramento de fazer declarações no meu ouvido. Eu não quero escutar, não quero acreditar, só quero continuar a vida toda no chão da sala, com fúria. Mas não podemos: tenho que trabalhar e ela tem uma janta.
"Aconteceu..."
"...de novo."
"Mas foi a última vez, tu sabe que eu não posso"
"É que a culpa é só minha, né..."
"Não é isso"
"Tá, vou trabalhar"
"Eu te ligo..."
"Tá, que seja. A gente se fala"

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

hot pants!

Eu amo compras. Amo carregar aquelas sacolas cheinhas, chegar em casa e colocá-las sobre a cama - observando minhas aquisições com um brilho nos olhos. Enfim, sou uma dessas "consumistas de merda que fazem o mundo ser o lixo capitalista que é" como diriam certas pessoas mal vestidas da faculdade - E DAÍ, sou super feliz assim.
Mas se tem coisa que eu não suporto é comprar calças. Sim, uma coisa simples como calças: por que a gente não anda de perna de fora? Logo, eu uso as minhas ao máximo, até não ter escolha e ir à luta: vamos para o shopping. Já vou direto pro shopping porque é certo que precisarei de muitas lojas e muitas opções. E falo 'vamos' porque eu não vou sozinha jamais, corro risco de apanhar das vendedoras. Só duas pessoas aguentaram até hoje essa saga: minha mãe (mãe é mãe, né) e a Fernanda. Morando longe de minha mãe, sobrou para Fernanda, que foi aprovada com méritos. Ela é o tipo de menina meiga e educada, que faz o intermédio entre eu e a atendente - uma mais furiosa que a outra.
Não é que eu não saiba o que eu quero: é justamente o contrário. Eu NÃO gosto de: brilho, cores, objetos pendurados, cintura super-ultra-mega-baixa, bolsos chamativos e etiquetas gigantes. Deve ter mais coisa, mas esqueci agora. Então, tudo o que eu quero é uma calça normal! É difícil? Infelizmente é, meus amigos.
Entramos na loja 1. Sou muito clara em relação ao que eu quero. A mulher simpática começa a mostrar as novidades: brilho, brilho, etiqueta gigante, muito brilho, bolsos ridículos. Paro, respiro, explico de novo. Brilho, cores, cordinhas, brilho. Explico mais uma vez. Fernanda prevê o perigo e me encaminha para o provador: "Só pra ver qual o tamanho que tem que ser...". Fernanda explica calmamente para a mulher, que já está ficando irritada (não mais que eu). Provo uma calça qualquer, pra ter certeza do número, meu Deus, que calça ridícula haha. A atendente está colocando a loja abaixo, Fernanda faz o favor de levar uma a uma até o provador - depois do vigésimo 'não', ela nem pergunta mais, vê no meu rosto a resposta. A vendedora está furiosa, eu também. Mas, para ela, virou uma questão de honra. Disse Fernanda que a viu quando teve a idéia: resgatou uma calça do fundo de uma prateleira. Essa eu provei, era normal. Mas era preta. Vamos embora da loja, se eu não achar mais nada volto aqui. Do corredor, vi os olhares solidários das outras atendentes para a que me 'ajudou'.
Lá pelo quinto estabelecimento, já começo a sentir o cansaço da pobre Fernanda, que está pronta para apartar uma briga minha e de lojistas a qualquer instante. É um daqueles lugares que a mocinha pergunta teu nome e fica sendo querida o tempo todo. "Ai, Ângela, vamos dar uma olhadinha na coleção nova? Ai, essa ficaria liiinda em ti!". Bom, se vai ficar linda, deixa eu provar. É, bonitinha. Tem uma barra meio estranha, mas eu mando cortar. Mas, pequeno problema, não passa na minha bunda. Nem que eu deite na cama, fique dias sem comer e use um daqueles modeladores vai entrar. "Moça, preciso de uma maior." TÃN-DÃN, a cara de nojo. Me olhou como se eu tivesse soltado um peido e disse "Não tem maior", horrorizada. Ah, por favor, 40 não é gorda!!!
Saio da loja frustrada. Passamos por uma daquelas de 'tamanhos grandes' e Fernanda tenta quebrar o clima tenso: "quem sabe vamos nessa, hehe". Me olha e grita: "não chora, por favor!! Eu tô brincando". Por pouco não foi tarde, respiro fundo e sigo em frente. Tomei uma decisão drástica: não entro mais em lojas coloridas ou com vendedoras miguxas. Aliás, talvez eu nem compre a calça hoje.
Entro em uma loja qualquer, a calça da vitrine era bonita. A vendedora me mostra umas 15 calças, nenhuma é a da vitrine, embora eu tenha deixado claro que era justo essa que eu queria. Quando a moça encontrou o modelo desejado, me enviou para o provador. Dou uma olhada na calça: tem tanta lycra assim? Porque ela jamais vai entrar em mim! Antes de provar, ainda bem, dou uma olhada na etiqueta: 36. Convencida de um engano, chamo a atendente: "Você errou o número...". "Não, mas tu usa 36!", "Mão, moça, não uso" "Usa sim!". ESCUTA AQUI, MOÇA, EU USO CALÇA HÁ ANOS, EU SEI QUE NÚMERO EU USO. De qualquer forma, mesmo a do meu número ficou ridícula.
Desmotivadas, passamos por uma loja pequena, escondida em um canto do shopping. O tipo de loja que minha mãe entraria. Eu entrei! A vendedora sorridente me fala "Tu tem certeza que quer algo daqui?". Sim, eu tenho! Adivinhem onde comprei minha calça? Linda, básica, sem cortes, cores, bordados absurdos, sem revelar metade da minha bunda... e pela metade do preço das outras lojas!
Fica o apelo: por favor, estilistas, façam calças não-piriguetes!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Dezembro chega...

Dezembro chega trazendo o sol, as férias, os risos e a dor. A dor que insiste em voltar, que tem data e hora marcada pra bater a minha porta. Lembro que no início doía-me: as lágrimas em vão tentavam lavar minha alma imunda e culpada. Entenda que eu não tive escolha, por favor... Esqueça que eu fui covarde demais pra fazer o que era certo. Mas o que é certo senão convenções, meu amor? Hoje já estou acostumada - sento no sofá com um bloco de notas, tomando um chá. Quando a primeira faca crava em meu peito, bradando "por quê?", abro os braços e te sinto por completo, dor que tanto mereço.

Dezembro chega e já não sinto mais a surpresa que assola, dou-te boas vindas nesse ano e pergunto se vais ficar para o Natal. Tu não me respondes, deixa-me nesta agonia. É nosso pacto: não me dizes quanto ficará, não te respondo porque fiz o que fiz. Na verdade, não tenho mais motivos. Largo minha xícara de chá, observo as cicatrizes que deixa sempre - elas são tantas que escrevem uma história, uma história de milhares e milhares de páginas... um história que o mundo jamais lerá. Porque prefiro esconder o livro, guardar só pra mim tão belas e tão tristes lembranças. Gosto de omitir as partes ruins, as paredes brancas e o último dia do parque.

Dezembro chega e penso melancólica que, juntos, prepararíamos uma festinha de aniversário. Ele ou ela - nosso amor ou nossa amizade - faria anos. Gostaria de ver todos com chapéus coloridos, dando parabéns ao orgulhoso casal. "Obrigado", diríamos, "estamos muito felizes...". E todos nossos amigos estariam por perto, dizendo "que narizes lindos!", não ela, a dor que impõe sua presença. E eu a aceito. E se a aceito é porque sou ciente de meu merecimento, de meus erros. De meu grande erro.

Dezembro está chegando e já consigo ouvir os passos no corredor... Pode entrar, a porta está aberta e neste ano comprei pouco chá: trate de ficar pouco tempo.


Mônica.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Eduardo e Mônica, 2005

Ela era de leão e os dois tinham 16. Ele pedia Pepsi, ela, Coca. Ele torcia pra Grêmio, ela, pro Inter. Ele gostava do verão, de praia, de jogar bola no fim da tarde. Ela amava o inverno, o campo, o livro que lia antes de dormir. Ele a fazia rir, ela o fazia chorar. Mesmo assim, todos diziam que eram feitos um para o outro.
Caminhavam pelo parque sem saber o que fazer, observando as famílias que aproveitavam o domingo de sol. Uma menino de cerca de 5 anos olhou para os dois que andavam de mãos dadas, foi conversar. Mônica perguntou o seu nome. Em resposta, a criança deu um chute em Eduardo e saiu correndo - deve ter aprendido a não falar com estranhos. Seguiram seu caminho, naquele silêncio perturbador. Mônica olhou para ele: tinha um nariz lindo. Lembrou que há uns meses sua amiga disse que, se tivessem um filho, ele teria o nariz mais bonitinho de todos. Deu vontade de rir, mas, ao mesmo tempo, falaram: 'que merda'. Dentre todas as coisas que deveriam ser ditas, essa foi uma das únicas pronunciadas.
Sentados na grama, nesse dia não olhavam as nuvens - imaginando formatos engraçados - como sempre faziam. Olhavam para o parque, sem ver graça alguma nas crianças que brincavam e corriam, brigando pelo escorregador. Era apavorante. O silêncio era quase palpável. A menina que andava de balanço caiu no chão, machucando todo o rosto na areia. Entre gritos, lágrimas e sangue - o parquinho parou para dar passagem aos pais que correram socorrê-la. Eduardo e Mônica preferiram não se olhar: estavam pensando a mesma coisa. Além do mais, Mônica estava enjoada.
Não era dia de rir, acredito que nem de chorar. Uma mulher passou com um lindo dálmata, que andava chamando a atenção de todos.
"A gente vai poder comprar um cahorro..."



De repente, Mônica iluminou-se de uma coragem (ou covardia?) que jamais sentirá de novo, e disse:
"A gente não pode fazer isso, Eduardo".

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O caminho

No carro dela, o rádio fica desligado e não conversamos, porque é preciso ouvir as buzinadas dos outros motoristas.
Na busca por caminhos alternativos, encontramos aquela rua. Aquela com árvores floridas e casas bonitas, onde velhinhos andam pela calçada de mãos dadas sob o sol. Podia até estar chovendo e ser um desses dias cinzas, mas gosto de imaginar que o sol brilhava. Na verdade, eu já não via o cinza, pois os sorrisos iluminavam a estrada.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Mais um dia por aqui, mais uma noite sem dormir: eu e o trabalho nas sextas

Contrariando todas as expectativas, eu gosto de trabalhar. Ah, ok, eu nem faço muita coisa, mas é legal ter a mente ocupada por umas horas. É CLARO que eu amaria vir quando quisesse e sair algumas noites, mas já me acostumei a chegar lá pelas 3 nos lugares: toda sexta é assim. Narrarei aqui a minha última sexta-feira então. Passei o dia todo correndo e comprando, adorei receber meu primeiro salário (viu como é bom trabalhar?). No fim da tarde, voltei para casa onde tomei um banho rápido e coloquei uma roupa qualquer. Delicadamente, joguei meu vestido magnífico na bolsa, bem como mil maquiagens.
Vou falar a real: não falo com muita gente aqui. Só uns ois e tudo mais, mas tem um cara que todos os dias, sem exceção, vem conversar. Pô, tu é meu colega, não meu amigo! Sim, eu tô legal, tive um bom dia e vou trabalhar até às 3, como sempre. Pra onde eu vou depois e o que vou fazer no fim de semana é problema meu, tô pensando em dizer que vou dar a bunda. Ou que sou lésbica e vou ficar juntinho da minha namorada - sim, eu filmarei a reação do rapaz.
Como não tinha muito o que fazer e ainda era cedo, comecei a ler um livro. Estou eu concentrada, absorta em minha leitura, quando sinto alguém chegando por trás (ui!) de mim., Fechei os olhos, tipo 'isso não está acontecendo'. Mas estava. O maluco chegou a uns 6 centímetros do meu rosto e disse 'teu sapato é maravilhoso!'. Meu sapato era em verniz, vinho, realmente maravilhoso. Mas para sair de noite, não para trabalhar - haha, homem não entende nada! Como não coube na bolsa, tive que vir com ele no pé, rezando pra ninguém ver. Oba, agora a redação toda viu!
Passado o susto, o maluco1 me aluga mais um pouco e eu me desvencilho, indo buscar umas páginas. Chegando ao meu destino, dei oi ao que chamarei de cara-das-páginas. Ele é engraçadinho até, mas nunca falei com ele. Não sei porque, mas ele parece um ursinho carinhoso. Ele murmura algo, não entendi bem na hora. Parecia 'hoje tu tá uma cadela', mas poderia ser 'nota dez' também. Ou poderia ser qualquer outra coisa. Dei um sorrisinho e saí, desesperada. Os ursinhos carinhosos não falam essas coisas! Eles deveriam ser meigos e queridos :~
Fui abordada mais uma vez pelo maluco1, que dessa vez ficou assistindo minhas conversas no msn e meu orkut. Nem minha mãe faz isso mais, porque me deixa furiosa. Dei algumas olhadas 'sai daqui' mas ele deve ter entendido alguma outra coisa - e olha que eu treino olhadas de ódio no espelho, sou realmente especialista nelas. Depois que me livrei, continuei a fazer meu trabalho e falar no msn (já mencionei que amo ser paga pra isso?) e eis que o maníaco do sapato está indo embora. Ele berra o educado 'boa noite' e quando vou responder, segue-se outro berro: 'vou ter que dar um beijo nessa guria!!'. Ai, que legal, agora recebi um beijo na bochecha de um maluco e todo mundo está rindo da Branca de Neve, porque, SIM, é esse o meu apelido.
Esqueci de um detalhe das sextas: o poderoso chefão. Ele está presente e cada vez que o telefone toca me dá medo. O primeiro 'mocinha, vem aqui na minha sala agora' a gente nunca esquece, logo vem a pergunta 'o que eu fiz de errado?'. Geralmente não é nada ou coisas que a culpa não é minha, mas tudo bem, pode me xingar. Nas sextas, o telefone toca umas 6 vezes e eu passo a noite correndo com papéis nas mãos e falando 'já dou um jeito nisso'. Essa sexta, resolvi me maquiar ali pelas 2 e mais, porque não tinha mais nada para fazer. Estou eu no banheiro, um olho já pronto e eu ouço. Não, não era o telefone, era um "DONA ÂNGELAAAAAAAAAAAAAAAAA". Saí correndo com um olho pintado, gatíssima.
E, assim, chego nas festas exausta, isso quando ainda tem festa. Porque, sim, nessa sexta a noite já estava no fim, mas depois de todo meu esforço, me enfio em qualquer bar, tem que valer a pena ué.
Mas nada supera esse domingo. Minha amiga e o namorado estavam dormindo lá em casa.
Eu - Alô, Fabi, tô saindo daqui agora, tá? Acorda pra abrir pra mim, beijo!
Motorista - HMMM, ligando pro amor, é?
Eu - Não, não... é só minha amiga que tá na cidade e teve que dormir lá no apartamento.
Chegando à porta do prédio, quem está esperando lá embaixo? SIM, o namorado, de chinelos e bermuda. Opa, que legal, além de tudo passei por mentirosa, aeeeaeeee!
Ai, eu adoro trabalhar :)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

msn

angie diz:
não sei se tu sente ou já sentiu
angie diz:
é como se faltasse algo pra que tu te ajuste
angie diz:
e às vezes parece que esse 'algo' tá tão perto!
angie diz:
mas ele nunca chega
angie diz:
e tu não sabe o que é. e fica esperando, esperando, esperando
angie diz:
tenho medo de morrer e ele nunca chegar
angie diz:
daí a gente cansa de esperar e resolve viver. mas é uma vida incompleta, porque tem um buraco ali, uma falta
angie diz:
e tu tem 7 anos e depois 70 e depois 18 de novo

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

ela viu que já não mais sabia se a resposta faz sentido ou não

mas guarda os beijos, abraços, carinhos, olhares e risos na memória.



Em uma semana, abri umas 20 vezes o bloco de notas para escrever algo. Tudo que consigo é rir, rir, rir, rir, rir, rir, rir, rir, rir

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A pessoa errada*

* este NÃO é um texto sério. Eu não sou pesquisadora, muito menos vivenciei qualquer uma das situações citadas aqui.
Devido ao fim do semestre, à correria no trabalho, aos amigos cada vez mais loucos e à minha vida cheia de imprevistos, estou há milênios sem postar. E justamente por ter tantas coisas para fazer/resolver, vim aqui escrever algumas linhas - talvez eu me prolongue.Reclamam que eu só posto coisas tristes, inúteis e etc, portanto vim até aqui para registrar mais uma inutilidade e pensar um pouco sobre o que a maioria das pessoas vive falando e sabe muito mais que eu: relacionamentos. Mas, aposto, ninguém me vence em experiência com um tipo específico: relacionamento com a(s) pessoa(s) errada(s).Tudo começou aos 13 anos, quando eu era uma menininha meiga e ingênua (HAHA) e me apaixonei pelo cara estranho do fundo da sala, que mais tarde - quando sentei perto dele em uma aula de português - bateu em mim com um caderno (risos). Todos me diziam que ele tinha problemas, ele tinha até calos nos DEDOS, porque era viciado nesses jogos de internet. Hoje - queimada por toda a cidade - muito mais vivida e sábia, continuo me envolvendo com esse tipo de gente com a mente ou a vida deturpada. E, após anos de práticas e estudos, venho a público apresentar minhas conclusões sobre os relacionamentos com: namorados (alheios), ex-namorados (meus), casados, ex-casados (nunca comigo!!), colegas, pessoas com idade mental inferior a 7 ou superior a 70, maníacos, viciados, ex-viciados, apaixonados por outras, canalhas, cachorros, colorados, retardados, tocadores de violoncelo, ____________(coloque o problema de seu pegada aqui).

FASE 1
Você o vê. Está andando em direção à faculdade com sua amiga, e lá está ele fumando um cigarro/batendo em alguém/jogado no chão/saindo do carro/de mãos dadas com a esposa com suas calças rasgadas ou seu terno. Sua amiga, que te conhece, percebe as conexões que estão sendo feitas em seu cérebro antes mesmo de você e fala: "não, por favor". Já é tarde e você já estabeleceu o contato visual, se for mais ousada até já colocou um bilhetinho com seu telefone no bolso do cara. Ah, é engraçado.

FASE 2
É onde se estabelecem os primeiros contatos. Ele está ali no bar, não custa nada pedir uma cerveja e dar um oi, mas só pra ver se o cara é legal. A amiga olha com um ar de reprovação e fala "desisto, faz o que quiser". HAHA, é claro que você ia fazer o que quer, como se ela não soubesse. Ele responde "oi", te comendo com os olhos. Você vê a aliança/droga/calos. E não se importa.

FASE 3
Você liga para a amiga dizendo que ele é uma boa pessoa, não fosse um probleminha, que não importa: ele será um bom amigo. Aliás, o bom amigo liga, só pra uma cervejinha inocente. Vocês se pegam loucamente no carro/praia/atrás da árvore/lugar isolado.

FASE 4
Vocês se vêem novamente e se agarram. Sua amiga está decepcionada, você jura que não temproblema, afinal não quer nada sério, ainda mais com ELE. É só diversão, aquela aventura toda, mensagens apagadas, desculpas para ninguém perceber. Cada dia - ou noite - é melhor, você se sente uma criança comendo doce antes do jantar, afinal você é indiferente a isso, só acha engraçado.

FASE 5
As pessoas começam a desconfiar que algo está errado. Você nega. Começam a se ver com mais frequência, encontros furtivos. Você diz para sua amiga que pode parar quando quiser. Ela ri - para não chorar - e fala que você ainda vai: buscá-lo na clínica de reabilitação/apanhar da oficial/ajudar a criar a criança.

FASE 6
Você começa a se sentir triste quando vocês não se vêem. Se convence de que é só porque se acostumou e resolve sair com suas amigas para uma noite daquelas, pra não perder a prática. Sem ele saber, claro. Sua fiel amiga fica feliz por ter a guerreira de volta.

FASE 7
Você não beijou ninguém, e entre um drink e outro sua amiga diz que ele não presta. Você sabe disso. Pior: manda uma mensagem quando chega em casa dizendo que está com saudade, mesmo tendo o visto no jantar. Sua amiga descobre e diz que você é patética. Você manda ela à merda.

FASE 8
Ele não te liga durante um dia todo. Você chora e liga pra (coitada) da amiga. Diz que está apaixonada. Que não sabe viver sem ele. Ela te consola por uma tarde inteira. Você marca um jantar com ele para poder conversar.
FASE 9
Você avisa que tem uma surpresa para sua amiga, ela faz uma cara de quem não aguenta mais. Ela olha com pena quando você pronuncia as seguintes frases ou similares "Ele disse que vai largar da oficial/das drogas/parar de fumar, beber/que prefere eu ao Inter/eu à ex;que vai tratar os calos e parar de jogar". Ou, quando ele é inescrupuloso mesmo: "ele disse que me ama". Você começa a planejar o casamento, sabe que cedo ou tarde ele fará o pedido. Ah, você o ama. Afinal, ele é o melhor que apareceu na sua vida.

FASE 10
Ele some. Ou te bate. Você o ama cada dia mais. Se vocês terminarem, você começa a fazer terrorismo. Manda e-mails, espera na porta do escritório, liga de madrugada e desliga quando ele atende. Ele manda avisar que sabe que é você: você nega. Sua amiga diz que você está louca.

FASE 11
Você acorda num lugar calmo e branco. Tudo é lindo e gira um pouco, seus braços estão presos, mas sua mente está voando. Você está num hospício. E sedada.

Enfim, esse é um estudo que dará base à minha monografia. Ok, ok. Eu tive que inventar as últimas fases. Nunca passei por elas, afinal, sempre aparece um namorado (alheio), ex-namorado (meu), casado, ex-casado (nunca comigo!!), colega, pessoa com idade mental inferior a 7 ou superior a 70, maníaco, viciado, ex-viciado, apaixonado por outra, canalha, cachorro, colorado, retardado, tocador de violoncelo, ____________(coloque o problema de seu pegada aqui) novo e me tira do foco. Fazer o quê, é a vida. :D

Beijo, tchau!


terça-feira, 21 de outubro de 2008

Os gritos de novo: eu não aguento mais. 'A menina não! Tudo, mas não encosta nela!' e as batidas e os berros, meu pai não me encostava, mas isso não impedia que eu sentisse. A cada grito, cada tapa, cada soco que ele dava em minha mãe, também eu sentia a dor, a derrota, a humilhação e ele às vezes passava semanas sem voltar para casa, não sei bem o que ele fazia, era quando eu mais gostava - mas mesmo assim eu dormia com medo. E aí ele chegava e falava aquelas coisas que eu não entendia e batia a porta e quebrava as coisas. Daí ninguém mais ria e o cheiro dele tomava a casa que a gente fiva limpando, eu e a mãe, e ela dizia pra ele parar e ele só batia e batia sem pena mesmo. E eu tentava fazer ele parar, mas ele não me ouvia, não me entendia, ele parecia um monstro que só queria fazer aquelas coisas ruins e aí eu chorava. Ficava chorando no canto que era perto do banheiro, adoro aquele banheiro branquinho e a toalha que a mãe bordou, era rosa e ficava do lado da pia, eu manchei uma toalha pintando o cabelo, adoro essa cor loira que brilha e brilha e brilha, os gritos voltam e eu quero que parem, mas eles ficam entrando na minha cabeça e não me deixam pensar. Meu pai chegava em casa e ele era alto e me lembra todos os homens que eu conheci, mas acho que eles não batiam nelas, nas mulheres, não todos eles, porque eles ficavam sempre comigo e diziam que queriam casar, mas lembro que ,antes de acontecer, minha mãe disse que homens eram assim. Então eu nem ia casar, porque eles já eram casados mesmo e eles terminavam e eu fugia, fazia como meu pai. Minhas unhas estão descascando, adoro esse esmalte que parece sangue - sangue da minha mãe, mas a cor não grita, minha mãe gritava e eu também, aquela mulher uma vez gritou comigo também, dizia que o marido era dela e a criança no colo dela, a criança estava ouvindo, a criança ia ficar triste e eu dizia pra ela parar, ela não ficava quieta nunca, daí eu tirei da bolsa e parou. As pessoas sempre param. E lembro quando eu saí de casa, eu só comprava saias, eu perguntei uma vez e minha mãe disse que as famílias eram assim mesmo, que os homens eram assim mesmo, e eu tenho umas blusas lindas também, combinam com minhas saias e ajudam tudo a ficar assim, porque minha mãe disse aquela vez que as coisas aconteciam desse jeito. Vou pegar um cigarro, sempre perco o isqueiro, ainda bem que tem fósforo, e adoro sentir a fumaça que entra nos meus pulmões com força, que força que meu pai batia!, e o psiquiatra me disse que eu tinha muita vontade de viver e era um exemplo, mas viver pra mim é sentir esse ar dentro de mim e colocar ele pra fora, colocar os homens pra fora de casa, porque eu que mando e faço as coisas, não quero bater em ninguém, mas é assim que a vida é. E o psiquiatra fala que é um milagre eu ser tão confiante depois de tudo que eu passei, mas eu confio só em mim mesma e isso é muito fácil, porque eu nunca grito, nem choro mais, tudo isso passou e a última vez foi aquela do sangue, igual ao meu esmalte, tenho que marcar uma hora pra arrumar e pintar meu cabelo também, tenho que ser linda, fazer as famílias ficarem do jeitro que devem ser. Meu cigarro tá acabando, vou acender mais um, aquela vez minha mãe tava com o cigarro na boca também e eu brincava com minhas bonecas loiras como eu sou agora e a gente ria, daí ele chegou - fazia tempo que não vinha - e a gente parou de rir e ele empurrou e machucou e eu ficava só assistindo escondida, com as lágrimas. A vista daqui de cima é linda, uma vez eu tava aqui com aquele homem e ele tirava a aliança sempre e dizia pra eu parar de arranhar e morder ele que a mulher ia ver, que eu sempre deixava marcas, mas meu pai deixou as marcas maiores e ele jogou minhas bonecas longe e bateu na mãe que disse pra parar, ele tirou a navalha e ele cortou ela toda e ela gritava, e eu chorava, o sangue era igual ao meu esmalte, só que não parava de sair nunca. E daí tudo parou e não houve mais lágrima ou berro, daí ficou tudo escuro, mas as famílias são assim mesmo e elas têm que ser desse jeito. Vou pegar mais um cigarro, meu celular não pára de chamar, e é a mulher desse homem que sumiu, eles sempre somem, eles não querem mais voltar. Vou jogar esse celular longe, ah, meu isqueiro tá dentro da bolsa, do lado da navalha, igual a que o meu pai tinha, eu uso às vezes, porque os homens têm que ficar longe de mim depois de um tempo, não quero que eles casem comigo, porque eu nem quero uma família mesmo, o psiquiatra fica dizendo que eu tenho vontade de viver, eu tenho mesmo, quero viver sempre, aí vêm os gritos, as lágrimas, ele batendo nela, essa vista linda, vou sentar na janela pra fumar e pensar, não sei com quem vou sair hoje, os gritos voltam, cada vez mais forte e eu sempre fui muito confiante, olha a minha mãe lá embaixo, quero contar pra ela o que eu aprendi sobre as famílias, vou até ali, vou pular, ela não chora também e ela está acenando porque me vê, vou ali porque nunca mais chorei, mãe, mãe, mãe, mãe, mãe, mãe, mãe.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Aqueles dias


Eu e ele não temos uma relação bem resolvida. Quando mais nova, amava quando ele vinha me ver: só ia brincar pelas ruas quando ele estava junto. Cresci um pouco e - talvez a raiva adolescente - tenha me feito odiá-lo. Ele não colaborava... ia a todos os lugares, não me deixava. E eu fugia, me escondia através dos óculos escuros e roupas estranhas, talvez isso o espantasse. Mas não. Incansável, ele me perseguia pelas ruas e até invadia minha casa pela janela: um inferno. Será que ele não percebia que eu o queria bem longe? Minha mãe, como toda mãe, dizia que ele era uma graça, que eu deveria dar uma chance. Muitas vezes até tentei sair com ele, ver o que poderia ganhar com isso. Mas ele pode ser traiçoeiro. Por vezes me queimou, me machucou, me fez ficar dias sem sair de casa - de dor, de vergonha. Hoje em dia, não posso dizer que somos melhores amigos, mas também não somos inimigos. Talvez seja paixão: quando fica muito tempo sem aparecer, sinto um aperto no peito de saudade. Também não quero que ele me sufoque.

Mas uma coisa nunca muda, e nas últimas semanas ele tem feito certinho: Sol, meu bem, adoro acordar e te ver pela janela iluminando meu dia, dizendo que tudo vai dar certo. Ah, aqueles dias magníficos em que o Sol sorri pra gente logo ao acordar...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Sobre enfrentar - um rascunho ou desabafo

Enquanto tomo o porre de café diário, sonho com um jantar quentinho que não existiu e leio, deparo-me com a expressão. Mudou meu dia, sério. 'O modo como tu enfrenta a realidade/mundo'.
Taí, eu enfrento o mundo. Diariamente, começo enfrentando o despertador e acabo quando deito, enfrentando a consciência.
Ok, admito. Ultimamente tenho fugido da batalha. É tão errado... e é tão bom.

Ângela, você está louca, meu bem.

Um dia, quando estiver menos feliz, quero escrever e pensar mais sobre isso. É só pra não esquecer.

domingo, 5 de outubro de 2008

O topo é solitário

mas a vista é maravilhosa.

domingo, 28 de setembro de 2008

tum tum, tum tum, tum tum


Não, não é meu coração. É minha cabeça explodindo. Não tenho certeza do motivo. Estava 25 graus na rua e eu saí com 3 casacos e manta - passei frio. Talvez eu esteja doente, é bem provável. Ou talvez eu seja doente.


Ah, que dor. Dói cabeça, corpo, memória e sonho. Acho que a lembrança é a pior. Só quero dormir um pouco mais.


As coisas que eu disse ontem não valiam só até a meia-noite. Vá embora, embora, embora

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Sobre escrever e sentir


Escrever pode ser um hábito, uma obrigação, um prazer... enfim: pode muitas coisas, talvez todas elas juntas, depende o momento. Falo aqui da escrita que não nos é imposta, como estas palavras aqui soltas - por exemplo.
O fato é que nem sempre escrevemos bem (ou mal), e isso é determinado por um conjunto de elementos. Ok, é só uma teoria, mas dificilmente mudarei de idéia.
Já dizia minha vó que o amor é cego. Mas digo mais: os sentimentos nos cegam. Não só o amor, mas a alegria, a paixão e até mesmo a tristeza podem nos fazer fechar os olhos. Tomemos a alegria como exemplo: uma pessoa feliz vê o lado bom de quase todas as coisas e consegue ignorar detalhes irritantes de tudo. É muito provável que seja justamente por isso que ela é feliz, tudo bem.
Mas eu sou uma pessoa estranha e hoje cheguei à brilhante conclusão de que eu não nasci para a felicidade. E acredito até ser uma coisa boa: adoro esse estado de permanente indiferença, quase melancolia, que me consome desde sempre. É por ele que sou quem sou - provavelmente uma pessoa chata. Mas não é culpa minha nunca estar tão feliz que consiga ignorar das pessoas com tiques irritantes àquelas que dormem nas ruas. Na verdade, passo alguns dias felizes, sim. Mas eles logo acabam, daí volto a postar.
Hoje, lendo no ônibus, deparei-me com a frase:
"Não é uma questão de energia, disse a mim mesma quando a deixei: eu não
poderei
viver sem escrever"
(A Mulher Desiludida - Simone de
Beauvoir)

Excelente autora e título feito para a minha pessoa, só pode.


Continuem sentindo! Deixem o mundo em cinza para mim, nunca me acostumei com as cores.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Borboletas


...no meu estômago. Sempre vejo, sinto, lembro, penso, sonho.


E elas não param de voar. AH!!!

domingo, 21 de setembro de 2008

Sobre os fins e reviver

Há alguns dias uma máquina aceleradora de partículas foi ligada, em uma tentativa de recriar o fenômeno do Big Bang. Muitas foram as críticas e até casos de suicídio foram registrados devido ao temor. Enquanto falávamos sobre isso em uma aula e todos diziam o que pensavam, lembrei novamente de algo: criticar é muito fácil. Dentre alguns rabiscos em meus caderno, lê-se: medo do novo x desejo do passado. Hoje, ao reencontrar a tal folha de caderno, pensei mais um pouco sobre isso.
A questão central não é o experimento - realmente, o mundo poderia ter acabado. Seria culpa de cientistas? Mas e nós que não somos cientistas? Não arriscaríamos para reviver certos momentos? Voltar uma única vez àquele show maravilhoso, àquela medalha de ouro na sexta série, àquele dia em que ele pegou nossa mão no cinema,...
Há horas em que eu construiria qualquer máquina, de qualquer tamanho, assumindo qualquer conseqüência, só para voltar àquele dia - e não faria nada diferente. Talvez reparasse mais nos olhos, nos gestos. Só para ter certeza se as palavras eram sinceras, já que delas eu lembro bem (ah, por que dou tanto valor às palavras?).
Enquanto não temos máquinas, não temos opções: sorrir, amar, viver... como sendo a última vez.
E - caso um dia inventem a máquina que eu tanto desejo - ai de quem falar que será o fim do mundo. O fim do mundo é deixar de sorrir.
medo do novo x desejo do passado...
...mas, Ângela, você não pode querer o que passou.

domingo, 14 de setembro de 2008

Sobre festas

Não gosto de festas, como já mencionei em outro post: sou fresca, sim, odeio gente se encostando.
Uma coisa é eu tocar em meus amigos e conhecidos, é inevitável. O problema são aglomerações como ônibus e a maioria dessas festinhas.

No fim de semana (sou paleozóica: é FIM DE SEMANA, e não 'findi' ou qualquer miguxice do gênero) me despi de todo meu preconceito en resolvi ir numa festa de faculdade. E quando digo resolvi ir é eu QUIS ir, não fui obrigada nem nada do gênero e achei que realmente poderia me divertir.

Chegando lá, achei alguns amigos e aí sim vi que a festa seria boa. Mas talvez eu esteja vivendo há tempo demais em meu mundo particular ou eu seja chata mesmo. Não conhecia nenhuma música, ritmos péssimos, letras simplórias. Então alguém pode me dizer "faz melhor", mas - me desculpem - acho que até eu consigo fazer algo melhor. Porque não, não quero que 'latam' enquanto eu passo, obrigada.

Ok, eu sou a rainha de ter crises em festas.

Mas estava tudo bem até algum alienado vir questionar o que eu acredito, vir discutir sem argumentos. "Lugar de mulher é na cozinha"? Então o lugar da minha mão é batendo na tua cara. (não, eu não agredi ninguém)

Qual o sentido de ir numa festa? Beber até morrer? 'Pegar' mais gente que todo mundo?
Infelizmente é o que me pareceu. Futilidade, futilidade, futilidade... aaaaaaaah, não aguento! Um exército de iguais, cabelos iguais, roupas iguais, perfumes iguais, pensamentos iguais.

Em um momento de profunda raiva (o que eu bebi pra despertar isso?), criei os P's. Festa palha - música podre - homens porcos - mulheres promíscuas. É claaaaaaaaaaaaaaro que eu não acho que tudo é assim, não posso generalizar. Mas não consegui encontrar nenhum exemplar diferente nesse sábado.

Qual o objetivo de passar horas se arrumando? Causar inveja nas outras ou passarem mais a mão em ti? Não encostem em mim, se houver próxima nem banho eu tomo e prendo o cabelo. Sério.

Saldo da noite: dar muitos empurrões, uma discussão, uma amizade em crise, vários 'nunca mais vou sair contigo', muita raiva e a decepção. Ah, mundo... por que faz isso comigo?

sábado, 13 de setembro de 2008

"Já nao sei se restou algo no ar...

já não sei se há algo mais a perder...."



Tchau.

Sempre fui eu que usei essa palavra, dizendo que não ia mais voltar.
Andávamos felizes pelo parque, eu olhava para o céu e dizia "não dá mais".
Sempre fui a primeira a dar as costas, sem nem olhar para trás, sem sentir falta das mãos dadas. Eu nunca gostei de mãos dadas, de gente se encostando: tu dizia que isso é frescura, mas sei lá.

E, às vezes, ao seguir caminhando pelo parque, eu enjoava de tanta gente que não significava nada, ou entrava em um trecho mais escuro e ficava com medo... então eu dava meia volta e retrocedia e tu sempre vinha devagar na minha direção. Acho que tu sempre soube que eu voltaria. Ah, quantas vezes voltei! Mas o que eu nunca deixarei de admirar são teus passos lentos, mas firmes. O modo com pega minha mão e me aceita, figindo que não fui eu que voltei - mas tu que me seguiu: sempre soube que sou orgulhosa.

Tu disse uma vez que me conhece melhor que eu própria e fiquei indignada, mas acho que estava certo. Isso porque tu sabia o que eu faria, saiae que um dia eu daria as costas... sabia até de coisas que nem eu lembro, coisas da minha infância.

Já faz tempo que enjoei das pessoas e resolvi voltar, mas a mão estava ocupada. Não tive escolha a não ser acenar de longe - como se tudo fosse um engano - e seguir o meu caminho no parque, mas agora as árvores estão me dando medo e o sol não bate mais aqui. Tudo o que encontro são algumas mãos frias que dão alguns passos e depois desaparecem, acho que são fantasmas.

Te desejo um caminho florido, com cachorros correndo para que vocês possam se abaixar e fazer carinho (lembra?). Talvez daqui muitos anos nossos caminhos se cruzem e possamos apenas dizer "Oi", com um sorriso sincero. Ou um "Penso em nós todos os dias". Seria mais sincero ainda.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

9.9

Perdi o ônibus. E agora? Faltava meia hora para o meu compromisso, eu já havia calculado: 15 minutos no ônibus e mais 15 pra achar o lugar (parte péssima de mudar de cidade). E lá vou eu, atravessando a rua para chegar à parada e qual o ônibus que está saindo? É claro, o meu. E agora? Entre táxi e sair correndo até conseguir outro ônibus em uma nova parada, estranhamente fiquei com a segunda opção.
Parei onde tinha que parar, só não sabia o que fazer. Depois de três fontes diferentes de informação - cada uma indicando uma direção - resolvi entrar em uma espécie de desespero. Batia um vento de tempo em tempo, me deixando com frio; as pombas não paravam de voar, o que me apavorava; e o tempo, meu inimigo, pasava rápido, sem piedade. Eis que aconteceu. Ele percebeu minha situação e não me disse o que fazer, não me explicou para onde ir. Ele fez uma coisa inesperada e gentil: me levou até a porta, esperando que eu entrasse. Disse que imaginava como eu me sentia em um lugar desconhecido e que deve ser difícil.
É, é bem difícil às vezes.
Mas tudo melhora quando temos mais motivos para acreditar nas pessoas.
Obrigada, dia!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Lugar de mulher não é no fogão, é na Revolução!
Admito que não costumo ver televisão, vez ou outra a deixo ligada, só pra escutar algum barulho. Mas prefiro ouvir música mesmo. Hoje, cheguei em casa e fiquei terrivelmente dividida (haha) entre estudar estatística e ver tv. Não sei o porquê, mas a televsão venceu! Enfim: liguei na MTV e estava passando um programa - todos os VJs do mundo, ou algo assim. E eis que o tema do programa era bandas femininas! Adorei! Várias bandas boas sendo divulgadas - óbvio que faltaram muitas ainda... e que Cansei de Ser Sexy ninguém mais aguenta.

De qualquer forma, foi uma surpresa. Uma ótima surpresa!
Mas por que não é sempre assim? Por que não vemos muitas bandas compostas por mulheres na mídia? Honestamente, não sei!

domingo, 7 de setembro de 2008

sábado, 6 de setembro de 2008

Limpando os armários,

limpando a vida. Enfim, me desfazendo de coisas velhas e gastas, que não possuem mais nada em comum comigo.

Tem sempre aquela blusa que fica melhor na amiga do que em ti. :)

sábado, 23 de agosto de 2008

Ordem no tribunal!

É tão comum julgar as pessoas: por erros, acertos, indecisões. Como ela está gorda, olha o que ela fez, ela faz de propósito, ela é irônica... Mas nos esquecemos de que 'ela' é como 'eu'. Embora eu nunca usaria a saia verde com o sapato rosa que ela está usando e nunca dançasse daquele jeito que ela está dançando, ela está no direito dela e eu não estarei no meu ao utilizar dos meus conceitos (que provavemente são diferentes do dela) para falar ou até mesmo pensar algo.
A verdade dói. Por isso às vezes não queremos ouvi-la, preferimos continuar vivendo no palácio das mentiras. E então vem alguém que se acredita muito superior para dizer e fala: fala tudo, aquilo que tu faz e aquilo que tu não faz de certo e errado. Mas o que é o certo? E o errado? E, por fim, o que é a verdade? Acredito que exitam muitas verdades, porque a vida tem muitos lados.
Fácil é julgar os outros. Difícil é tentar entender o que levou determinada pessoa a agir de alguma forma; aliás, acho que nunca conseguiremos plenamente, porque certas coisas só a prórpia pessoa sabe. Mais difícil ainda é pensar um pouco sobre si mesmo. Sentar na cama e lembrar daquela vez que usou uma blusa amarela e uma calça vermelha, ou, então, lembrar de nada parecido, mas de situações em que não agimos tão bem como cobramos dos outros.
E não adianta quando falam para ela, após todos os olhares tortos: "esquece". É como um tribunal, todos estão a julgando. E não adianta pedir para o júri desconsiderar, porque aquilo que é dito e escrito - mesmo quando tentamos não lembrar - dói e continuará doendo, pois no fundo ela nunca conseguirá esquecer.
A menina que está ali dançando daquele jeito, que todo mundo julga uma idiota, não quer que a aplaudam, só quer que a respeitem. Sem julgamentos.

domingo, 17 de agosto de 2008

O tempo passa, passa a me fazer bem o tempo.

Hoje eu fui a uma festa. Uma dessas festas que a gente não espera muito: com nossos pais, com gente desconhecida, fazer aquele social insuportável - que não combina nada comigo - sorrir para responder ao "como tu cresceu!", sentar de um jeito bonito e cumprimentar todo mundo. Enfim, após o ritual "parabéns pela festa, está linda!", beijinhos, beijinhos, beijinhos (são dois ou três afinal?), sorrir, sorrir, agradecer, "quanto tempo!", eu finalmente sentei. Procurava um local estratégico, onde ninguém ficasse me assistindo durante o jantar e etc. As mesas eram para mais pessoas e - que alegria! - caí justamente na mesa dos padrinhos da aniversariante, mas que beleza, agora sim vou passar a noite toda atordoada com flashes esporádicos.
E toda aquela gente bonita, bem vestida (ou nem tanto), e eu lá, me sentindo um et, como sempre. Porque uma roupa maravilhosa e uma maquiagem impecável podem fazer com que eu me junte à massa idêntica, mas eu sempre sei que é diferente. Eu sei da dor, e que dor que eu sentia. Embora eu me despedace, o sorriso continua no lugar, intacto.
Começo a conversar com minha mãe: as luzes, a decoração, as pessoas. E, então, eu vi. Aliás, ela me mostrou: "olha ele, Ângela, tu te lembra?". Ah, eu me lembro sim. Lembro de tantos anos atrás, quando uma criança deitava e o via nos sonhos, sonhava que ele pegasse a sua mão e - quem sabe um dia - ligasse pra sua casa, porque ela achava que ele era exatamente o que precisava, além de algumas bonecas e o primeiro sutiã, que ela tinha ganhado uns dias atrás.
Ele não reconhece, eu também não teria se não fosse minha mãe. O tempo passou, mudou tudo que sequer existiu. A namorada dele é bonita, mas vou querer lembrar de como era anos atrás: o uniforme do colégio, a correria - não esse rapaz de terno da mesa aqui perto, um entre tantos outros.
Não quero dar oi, não quero que ele me veja. Eu volto a sorrir, só que agora é sincero, é de verdade. Obrigada, bela noite, alguns pedaços de mim voltaram. Lembrei que eu sei sonhar, sei sentir... e talvez algum dia eu saiba amar.
O garçom passa, peço um drink. Já não me importa mais a câmera, as pessoas, os padrinhos. Eu me sinto feliz, simplesmente respondo: "lembro sim, mãe. Como ele cresceu."

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Morram, sonhos.

Eu não quero só matá-los, meus queridos. Quero torturá-los, sufocá-los. Quero que sintam dor antes de se acabarem por completo. De novo! Porque vai ser assim cada vez que eles voltarem a habitar minha mente, deixando-me feliz.
Está decretado o fim do brilho nos olhos e das bochechas vermelhas, que tentam vir dos meus 12 anos para me assombrar. Eu venci.

Hoje encontrei no armário aquela velha armadura. Deixei ali fora arejando, mas acho que ainda serve e logo mais eu volto a usá-la.


Quanto vale a liberdade?
Eu pago vivendo sem sonhos, sem preocupações.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Dancing With Myself e as Olimpíadas



Hoje pela manhã eu estava vendo a abertura dos Jogos Olímpicos, um momento caro, um tanto quanto inútil e, principalmente, lindo.

Eu costumo achar tudo bonito na vida: animais, pessoas, ruas... todas as coisas possuem algum encanto para mim, entao imaginem as coisas realmente feitas para impressionar, para serem maravilhosas.

Estava tudo perfeito, emocionante, e então surgiram algumas "fadas voadoras", as quais eu julgo que foram a parte mais bonita dos poucos minutos que pude assistir. Eu e minha amiga já comentávamos o quanto queríamos estar lá, participando, porque deve ser uma sensação inexplicável fazer parte de algo tão grandioso, mas - enfim - as fadas chinesas, lindas, abanavam.


"Elas estão acenando para o mundo todo": foi uma frase idiota até, mas me fez pensar demais. É, é isso - quero dar oi a todo o planeta. Oi, eu estou aqui, eu sou como vocês. :)


...if I had the chance, I'd ask the world to dance!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Estar feliz

Sentado ou caído não dou mais ouvidos a quem vem me incomodar

Não agüento mais esse cheiro impulsivo de inveja no ar

De noite ou de dia as pessoas tão frias que fingem não se importar

Passam a vida inteira triste e vazia esperando ela acabar

Mas se não quiseres sentir mais frio, conversar sobre como sentiu

Quando outra dose de whisky gelado chegou a sua mesa e eu sentei ao seu lado

E fizemos um brinde a tudo que é bom

Refrão: São quatro horas, em casa não quero chegar

Sua cama ou a minha, só quando o papo acabar

Não tem mais volta chegou a hora de deixar tudo rolar

Quando quiser conversar, me encontre nessa mesa de bar

Filosofando ou você reclamando de como não da pra agüentar

O seu ex-namorado que fica ligando só pra te incomodar

Discos e livros, seu ator favorito ou sobre como é bom “viajar”

E como se chega até o infinito mesmo sem sai do lugar

Mas se precisar de companhia, seja de noite ou seja de dia

Eu pago outra dose de whisky gelado, acharei sua mesa e sentarei ao seu lado

E faremos um brinde a tudo que é bom

[Mesa de Bar - Kevin]


A minha música de aniversário. Mas poderia ser a da vida.



É incrível... me sinto cercada de gente boa, finalmente!

"Bêbados amam todo mundo."

"Ou odeiam."


Ah, eu amo muita gente às vezes (:


sexta-feira, 25 de julho de 2008

Hoje

Hoje eu limpei a casa.

Não a limpeza de sempre - varrer, lavar. Eu abri as gavetas, coloquei tudo pra fora, queria organizar de uma vez por todas: chega de lixo e coisas velhas/inúteis!

Revi os trabalhos que eu tanto reclamava de fazer, mas ficava feliz ao receber de volta; reempilhei os muitos textos que eu tive que ler, mas só o fazia se queria; reli as velhas cartas, relembrei cada momento vendo as fotografias, usei de novo aquela borrachinha de cabelo há tanto tempo guardada (será escondida?).

No fim, ainda me pergunto o porquê. Será que quero esquecer ou levar sempre comigo? Abri as gavetas, coloquei tudo de volta, nada foi para o lixo. São os mesmos entulhos de sempre, a mesma confusão - mas pelo menos tem uma cara nova. Eu só queria organizar os papéis.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Dia do Amigo


Tem gente que passa a vida toda procurando a garotinha ruiva. A minha eu vi nascer.
Dias maravilhosos e noites encantadoras: eu amo as férias!

terça-feira, 15 de julho de 2008

13/07/2008 - parte 2

"Eu gosto das pessoas. Nada a ver com os corpos delas ou coisas assim: gosto do que elas pensam, gosto de conversar, sabe?"
Já disse: AMO mesas de bar. E as companhias que aparecem!


14/07/2008 - Hoje eu descobri: não é vazio. É tranquilidade, meus caros.

domingo, 13 de julho de 2008

13/07/2008 - parte 1

Aquela sensação de "é exatamente aqui que eu queria estar": tudo que eu quero sentir pro resto da vida. Mas sem esse vazio que me consome, se possível.

Ontem no melhor lugar do mundo - a mesa do bar - foi feita uma pergunta que me consumiu: "o que tu faz pelo mundo?"

Eu acho que sei, ou, pelo menos, estou tentado descobrir.

E vocês: o que fazem pelo mundo?

quinta-feira, 10 de julho de 2008

- por que tu tá rindo? tem alguma coisa errada comigo?
- não, não tô rindo. não é de ti.
- é de mim, sim, meu rosto é engraçado por acaso?
- não é isso... mas, tá, não vou mais rir.
- não olha pros lados, olha pra mim quando eu falo.
...
- não com essa cara rindo!
- tá.
- tu vai ficar com essa cara de mau?
- mas tu queria que eu te olhasse...
- haha
- ué, por que tu tá rindo?
- ah, é que tu tem um jeito engraçado.


Dia bacana. É porque eu comi espinafre, tenho certeza. É uma teoria minha: os dias são bons quando a gente come o que nos deixa feliz. Mas eu falo disso outra hora :D

domingo, 6 de julho de 2008

O dia em que ela morreu - e eu queria ter ido junto...

Ela me fez acreditar nas pessoas, nos animais e na vida. Por ela eu acordava todos os dias de manhã cedo com aquele sorriso, por ela eu fiz e sempre farei coisas que jamais faria. Eu fui à igreja e ouvi o que era dito, eu chorei. Chorei e ainda choro - primeiramente foi por dias e dias, hoje é uma vez por semana. Eu amei - amei cada segundo, até quando destruiu meus bichinhos de pelúcia e minha pantufa. Eu hoje olho as velhas fotos e - como diz a música - sei que isso não vai trazer ela de volta para mim, mas eu ainda espero. Espero ver ela abrindo a porta e adentrando a cozinha, me olhando do tapete com os olhos mais lindos que já vi. Aliás, ninguém jamais me olhou como ela e eu jamais dediquei esse meu olhar pra outro alguém. Meu pai às vezes se confundia e chamava ela pelo meu nome e vice-versa. Eu sentia orgulho, eu queria ser como ela: despertar só o lado bom das pessoas. Ela só me decepcionou uma única vez: ela morreu. Foi embora e nunca, nunca mais, voltou... 3 longos anos.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

:) - quando faltam palavras

Já nem sei mais o que dizer...! Só agradecer, e muito. Às vezes as pessoas conseguem dizer o certo na hora certa, eu nunca fui uma dessas, mas fico feliz de viver casos assim. Muitos momentos não sabemos o que dizer, pensar e fazer... E os conversar com as amigas, repetir pela milésima vez aquela história, não ajuda mais. E eis que aparece do nada um semi-desconhecido, que diz algo novo (ou nem tanto), mas que por ter uma visão de fora consegue ver todos os lados. Obrigada!

E a "alma caída" já nao existe mais, subimos a escada com a cabeça erguida, deixando para trás degraus de autopiedade que não nos levam a nada realmente, mas são necessários para que cheguemos ao topo. E é justamente o topo que todos merecemos: ver o mundo do alto, sentir o vento novo batendo no rosto.... uma vida limpa, uma vida linda.
Muito, muito tempo atrás... poderiam ser muitos anos ou então algumas horas...
Se eu amasse mais eu explodiria! Meus corações, só meus.

domingo, 29 de junho de 2008

Trilhas Sonoras e Melancolia

Estão presentes nos filmes, nas novelas, nos seriados. Elas se encaixam tão bem com a cena e - quando bem escolhidas - são elas que ajudam a te fazer chorar naquela cena final, a do beijo. E não é novidade pra ninguém: poxa, a vida deveria ter trilha sonora. A minha tem. É uma responsabilidade grande, muito grande, escolher a música certa e eu nunca sei se acertei, só vou saber após os resultados: não que eu consiga fazer alguém chorar ou não enquanto eu não beijo ninguém.

Enfim, a que vivo no momento teve um pedaço postado ontem ainda, durante uma reflexão daquelas que mudam tua vida por alguns minutos. Embora a música toda faça sentido, tem sempre alguma parte mais relevante: "Em cada copo uma vontade de sumir de vez daqui/ Mas se eu voltei pra essa cidade/ Foi atrás de muito tempo que eu perdi/ E cada vez que passa um Cadillac/ Eu fico procurando se é você a dirigir". [O Último Bar]

E aqui estou eu, numa das noites de domingo normais - um pouco menos arrependidas dos que as últimas! - e eu posso prever o futuro: quem vai chorar no final sou eu e mais ninguém. O tempo que eu perdi está perdido, não tenho meios de recuperar, não posso fazer nada. Não adianta com quantas garrafas no fim eu amanhecer, quantos copos eu encher e quantas palavras eu escrever: procuro pelo passado, os Cadillacs estão vazios e as imagens se formam na minha mente pra que eu possa remoer a minha dor, me machucando cada vez mais.

As pessoas nunca me iludiram, nunca me magoaram. Quem faz isso tudo sozinha - e muito bem, diga-se de passagem - sou eu mesma. Adoro me ver no fundo do poço, sempre sou eu quem me atiro pra dentro, porque no fundo eu tenho medo que façam isso comigo. Eu me privo de chegar ao céu e toda vez que resolvo olhar para o outro lado da estrada - onde o movimento é de ida - aparece um novo carro (será um novo Cadillac?), eu vou seguindo ao seu lado feliz e ao mesmo tempo com o coração na mão (já disse, eu tenho meddo) e, então, surge a curva. Adeus carro que não pude distinguir, obrigada por juntar-se ao Cadillac no lado da estrada que dói!



"...o último bar quando fecha de manhã só me lembra que eu não tenho aonde ir..."
eu: "amanhã vou fazer um post sobre isso"
tu: "me dá a merda desse copo"

.
.
.


"e se eu voltei pra essa cidade foi atrás de muito tempo que eu perdi"

estou em caxias.

domingo, 22 de junho de 2008

Coisas que aprendi a respeito da vida - parte 1

Começa aqui uma série de postagens (eu acho) que eu farei por tempo indeterminado e nos momentos que me der vontade ou certeza do que estou falando.

Eu tenho pouca idade. Muito pouca eu diria, se considerarmos tudo que posso ter pela frente. Mas é relativo, também, pois sou velha se considerarmos a criança que anda de balanço ali fora, que ainda não sabe nem ler o que aqui escrevo. Embora ela não saiba ler, acredito que ela poderia compreender se eu disesse e talvez levar algumas coisas para a sua vida, se ela achasse importante, claro. Aliás, uma das coisas que aprendi na vida é que toda e qualquer pessoa sempre terá algo para nos dizer e acrescentar: a senhora que ajudamos a carregar as compras, a adolescente que engravidou, a mulher que poderia ser nossa mãe, mas é uma viciada em cocaína, que conhecemos no banheiro da festa... Mas, enfim, o veredícto: as pessoas mais interessantes são aquelas que já sofreram muito.

É injusto, me parece injusto! Pessoas que já passaram por tudo, que perderam muita coisa: a família, o noivo, a dignidade, os filhos... mas não perdem nunca o caráter, a simplicidade que sempre vai me encantar, o modo bonito que têm de encarar a vida e os problemas, afinal, por problemas elas já passaram e viram que existe muito além disso.

Diz a sorte do Orkut: "Simplicidade de carater é o resultado de uma reflexão profunda". Então por que não basta refletir na vida real? Por que a gente tem que sofrer pra aprender de verdade? Por quê? Por quê? Por quê?

Se ouvir nos bastasse, lançaria aqui um conselho: ouçam os conselhos que são dados. Mas eu sei que é difícil... eu só vou saber que a tomada dá choque quando eu colocar meu dedo lá, certo? Ou não, se eu refletisse, como manda o sábio Orkut. Mas pensar é um assunto sério, implica um esforço que a cada dia estamos menos dispostos a fazer...

Mas o certo é que um dia - ah, um dia! - aprenderemos. Não cabe a mim julgar se cedo ou tarde, mas eis que numa noite fria (ou numa manhã de sol, ou numa tarde cinzenta...) colocaremos o dedo na tomada. E, então, seremos pessoas melhores.

(Obrigada, Fabi. Por tudo, por ser quem tu é, saber quem eu sou e - mesmo assim -estar sempre ao meu lado.)


quarta-feira, 18 de junho de 2008




e mesmo assim vale tanto!

domingo, 15 de junho de 2008

Noite de Domingo

Enquanto converso no msn, leio alguns textos e penso na vida, tomo um chá.


A caneca ao meu lado, fui pegá-la para tomar mais um gole do chá já frio e me deparei com o vazio - a "alça" estava pro outro lado.


Minha vida é exatamente assim... passo tanto tempo olhando pra frente (ou seria pra trás?) que esqueço do que está ao meu lado e, quando lembro, faço tudo errado.


É como se eu sempre desse de cara com o vazio, não importa o que eu faça ou quanto eu me esforce.



Ah, minhas noites de domingo: o chá, o vazio e a decepção.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Falar demais quando não se tem nada a dizer.

É engraçado até.
Esses dias minha amiga falou pra um cara que ela conheceu na noite "Fica quieto se tu não tem nada de bom pra falar!". Eu e a outra amiga nos olhamos no maior estilo "Que horror, por que ela foi dizer uma coisa dessas?!".

Mas, na verdade, ela estava absurdamente certa! Quantas vezes não paramos quietos um segundo, jogando nossas opiniões sem agumentos tão válidos pra cima dos outros... é até irônico que eu faça Comunicação Social e esteja pregando uma coisa dessas. Mas é sério. Por isso que eu não tenho essas frescuras "Só adiciona com scrap" no Orkut e coisas assim, se é pra deixar algo idiota é melhor que nem deixe nada mesmo.
E o mesmo funciona com músicas: "Ele não monta na lambreta/Ele não monta na lambreta/Ele não monta na lambreta".... poxa, pessoal, se é pra cantar uma coisa idiota dessas, não cante!

Talvez eu ande chata demais ou eu seja uma idosa precoce... mas não aguento mais pessoas sem conteúdo, que acham que os livros do vestibular (os quais leram um resumo na internet) sejam o ápice da cultura. E começo aqui uma campanha: "Onde as pessoas legais se escondem?". Eis um dos meus maiores questionamentos! Não que eu seja genial. Mas às vezes dá vontade de sair pra tomar um café, discutir teorias talvez infundadas e rir... Ah, eu conheço várias pessoas que podem me proporcionar isso, mas são tão poucas considerando o tamanho do mundo! Chega de gente "oca" na minha vida! (Aliás, acho que eu aboli essas faz tempo, estou só oficializando...)

E o que eu fiz nesse post? Falei, falei, falei... enfim, eu transmiti alguma mesagem?
Ah, que raiva, eu sou mesmo uma contradição.
"O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções."
[Martha Medeiros]

A frase mais pertinente que li nas últimas semanas.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Abstinência, fraqueza e desistência: não diziam que o tempo curava?

Eu sou viciada.

E dentre todos os meus vícios, alguns se sobressaem... como jogadores excelentes em um time de futebol. Só que, no caso, o objetivo do time é ocupar meus dias, consumir minha mente e destroçar minhas ambições.E lá vou eu, mais uma vez superá-los.

Vejamos: chocolate.Ah, eu posso passar uma semana sem chocolate! Isso é tranquilo. Tá, primeiro dia, sinto aquela falta... mas nada que não vá passar. Vou dormir, é isso aí, assim eu esqueço. Acordo. Bom, não tenho tempo para o café da manhã, tenho que sair correndo, vou só pegar um Sonho de Valsa e, opa, pera aí! NADA de chocolate, Ângela. Ufa, cérebro, que bom que lembrou que eu tô parando e tudo o mais. Ah, eu fico sem comer nada, logo eu almoço mesmo. Almoço do R.U. aquela maravilha! Ah, mas um chocolatinho de sobremesa e tudo bem! NÃO, chocolate não. Ai, mas uma semana é complicado, porque não dia sim, dia não? Ah, bem melhor agora, ontem não comi, hoje já posso!Conclusão: reflexão, resolução, abstinência, fraqueza e desistência.

O tempo tudo cura? Quem dera!

The Donnas. Ah, não aguento mais ouvir todo santo dia, isso é loucura, nem meus vizinhos devem suportar! Tá, vou começar a escutar outras coisas, sei lá. Vou lavar o chão. Mas que desânimo, falta uma musiquinha! Ah, vou por alguma coisa... Bikini Kill, Distillers, ACDC, Le Tigre.. ai, tá faltando alguma coisa. Isso tem que parar, eu prometi pra mim mesma! Bom, eu prometi pra mim mesma, pelo menos não vou decepcionar ninguém além de mim. E eu não vou me importar. Ou vou?

E é assim sempre. Com tudo, tudo.Eu sou uma pessoa fraca, não cumpro o que prometo. Ainda mais quando as promessas são feitas pra mim mesma! Mas a tentação me persegue, desfila frente aos meus olhos enlouquecida! E eu? Desisto, como sempre.

E se eu esqueço promessas sérias só de olhar pra chocolates e pra pasta "Donnas", imagina o que não acontece com as minhas paixões.

AH, QUE INSUPORTÁVEL!

Assinem!

Não se pode desistir de lutar!
Gostaria de pedir a ajuda de quem puder assinar esse abaixo-assinado em defesa dos animais.
É um projeto super bacana, para eliminar variadas formas de crueldade e garantir os seus direitos!

http://www.leideprotecaoanimal.com.br/


"Tome partido. Neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. Silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado"- Elie Wiesel

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Decepção [2]

A decepção dói.


Se decepcionar-me com o vestido que não tinha meu tamanho já era triste, mais triste ainda é essa de agora. Engraçado como a vida te trata... Por mais que tu se preocupe, não adianta, as pessoas não se preocupam. Por isso o mundo é uma bosta: um monte de gente pensando APENAS em si próprio e chutando qualquer um que passe pela frente. Não que eu tenha um pensamento utópico de "vamos colher flores no parque e ser feliz"... eu só acho que a gente pode, sim, respeitar os outros e mesmo assim viver bem. Já dizia minha professora da primeira série "teu espaço termina onde começa o do outro" (no caso era em relação às classes e às constantes brigas "ele roubou meu lugar! ") mas apliquemos ao mundo real.


Ninguém tem o direito de ferir os sentimentos dos outros, mas acontece, não é um erro imperdóável. O que não se perdoa é a mentira, que joga o outro no fundo do poço e joga pedras por cima. É muito fácil levar a vida usando uma máscara, sendo a vítima. Mas e quando a máscara cai e tu é tão vilã quanto quem tu acusava?


Eu não sou a eterna vilã: já decepcionei demais, sim, já magoei demais; mas também já sofri baques imensos, já "levei na cara" vezes demais. Acho que a vida é assim, sejamos realistas: um pouco de casa coisa, nem sempre se pode estar bem. Mas tem coisas que é difícil, pra não dizer impossível, de engolir - tipo a comida do R.U sem suco, em dia que não tem arroz.


Mas, apesar de tudo, A AMIZADE É SEMPRE MAIS FORTE.


Por mais que estejamos irritados, tristes ou magoados, a gente lembra dos nossos amigos, onde as coisas boas sempre superam as ruins (senão não seria amigo, né!) e sabe que tem um porto seguro.


Não tão seguro depois que eles traem tua confiança...

mas, no fundo tu sabe...

se teu amigo destrói teu castelo e te deixa em ruínas - se for teu amigo MESMO - com certeza te ajudará a construir um novo, mais bonito e forte, porque A AMIZADE É MAIOR QUE TUDO.


Foto: um exemplo de amizade.

sábado, 10 de maio de 2008

Às vezes.

Às vezes, eu só queria descansar um pouco. Pegar uns filmes e comer Doritos, pensar na vida debaixo das cobertas e tentar ser uma pessoa normal.

Li no blog da Carol [http://www.pipoca-com-sal.blogspot.com/] um texto maravilhoso sobre as manias dela. Não posso deixar de citar uma das minhas: deixar tudo pra última hora. Mas, embora isso esteja constantemente me deixando exausta (por passar madrugadas a fio terminando trabalhos e lendo livros), o que mais me atrapaha é o fato de eu querer tudo bem feito. Passei uma semana arcando com minha "irresponsabilidade" e fiquei sem postar todo esse tempo: falhei. Isso já não é um blog bem feito, se é que um dia ele chegou a ser. E isso tudo me faz repensar a idéia de tê-lo.

Não que muitos leiam, é mais por consideração aos meus pensamentos, os quais estão
explodindo dentro da minha cabeça: vou tentar postar mais seguidamente. Não que eu tenha muito a dizer, mas por não ter que manter todas essas idéias dentro de mim.

É, às vezes eu queria saber organizar meu tempo. Na verdade, acho que todo mundo sabe, é falta de empenho mesmo.

Às vezes, eu queria poder parar de arranjar desculpas pra todas as minhas falhas.

Até!

sábado, 26 de abril de 2008

Shoppings

Antes de começar, preciso avisar aos possíveis leitores que esta é mais uma das teorias (furadas) que não acrescentam nada. Mas, recado dado, vou começar. Shoppings são lugares estranhos. Não sei, acho que existe algum tipo de sistema de ondas no ar que transforma absurdamente qualquer elemento que esteja exposto ele. Então, está tudo bem naquela tarde de sábado até ue tu pensa "por que não ir ao shopping?", bacana o passeio: troca o pijama por aquele jeans básico com regata e a pantufa por um All Star qualquer. Ao que tu chega no shopping, depara-se com tantas moças "bem vestidas", com seus escarpins novíssimos e blusas "do momento", que tu já pensa "Opa, pequena confusão, meu inconsciente me trouxe para uma boate!". Olha lá fora e vê o sol brilhando; para os lados, vitrines brilhando. Ah, tá, é aqui mesmo, como estou ultrapassada!


Corredores cheios de pessoas frenéticas, um exército de compradores; nas lojas, então, é uma guerra. Aliás. eu sempre comparo lojas grandes com a selva: as compradoras experientes eliminam as outras muito fácil! Correr, por na sacola, lutar pela última peça com unhas e dentes, arranjar uma vendedora - não é fácil. Prosseguindo: tu vê tudo isso e pensa como o mundo é um lugar mesquinho e as pessoas pensam pequeno. São só objetos/roupas! E agradece por ser diferente.


Eis que passam uns 10 minutos (ou algumas vitrines). A transformação já ocorreu, infelzmente, e nem deu pra notar! Comprar passa a ser a coisa mais importante do mundo, agora, estamos na selva também e queremos ser o caçador. A bolsa que antes seria apenas "bonita" agora aparece como "tudo que eu preciso na minha vida", o preço exorbitante cobrado por ela (antes: "que horror, que tipo de gente paga isso por um pedaço de tecido!?"/imensa divagação a respeito de como o Sistema é desumano) agora é "ai, meu coração dói! Eu acho que eu vou morrer, aliás, é melhor que eu morra mesmo..." e o vestido que não tem no teu tamanho (antes: "que pena, acontece") é "eu NUNCA MAIS vou ser feliz".


Freqüentadora típica de Shoppings Centers.


O que aconteceu? Não se sabe... Talvez Freud explique, mas esse blog não é dele, é meu. O modo como as pessoas mudam dentro de um shopping deveria ser estudado, o ar condicionado deles deve ter algum tipo de essência maluca, ondas invisíveis devem penetrar nos cérebros, algo assim.


Então, após horas insanas de luta, vamos, exaustos, para a casa, ainda com lágrimas nos olhos por não ter comprado aquela magnífica bota de lutador de boxe verde-limão que ficaria in-crí-vel com, e apenas com, aquela blusa de uma alça só amarela berrante que compramos no shopping mês passado e ainda não usamos. Cansados e endividados, voltamos para nossos lares, e resolvemos dar uma olhadinha nas compras. Aí temos lágrimas de verdade! POR QUE, meu Deus, compramos tudo isso?


Chega o momento áureo: pensamos sobre como o mundo é injusto, como existem diferenças sócio-econômicas horrendas, como colaboramos para isso tudo ser do jeito que é, como não temos vergonha na cara e não ajudamos ninguém, como até o cachorro parece triste, como as folhas caem melancólicas da árvore ali fora e como existem crianças na África passando fome. Então, decidimos, de uma vez por todas, parar com tudo isso e sermos pessoas melhores. Shopping, nunca mais! Até que chega o próximo sábado tedioso, claro.