Estava com sede. Andava por aquele deserto sufocante fazia dias e há horas e horas não tomava um copo de água. Começava a rastejar: doía me manter em pé. Eu precisava continuar me movendo, afinal, sair daquele inferno só dependia de mim.. E, para chegar a algum lugar, se faz necessário seguir o caminho.
Avistei uma construção no horizonte. Ao me aproximar, a placa neon revelou uma grande lanchonete. 'Água', pensei. Naquele momento, não me importava que eu estivesse sem emprego, que precisasse de remédios para minha mãe doente, que pilhas de contas me esperassem na porta do que um dia foi minha casa. Não me importava nem mesmo com as impiedosas chibatadas que levaria como castigo por contrair tantas dívidas.
Sem medo ou vergonha, entrei na lanchonete. Pedi uma água gelada e esperei por ela sentada em um sofá macio, sentindo o ar frio em meu rosto. Nada era relevante para mim, além do líquido que invadia meu corpo, que fazia cada uma de minhas células pulsarem de felicidade. Paguei com o cartão de crédito e continuei minha caminhada, sonhando com a próxima vez que teria água só para mim. E fingindo não saber o horror que me esperava na próxima semana, quando pagaria por cada um de meus erros.
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(toda a alegria que me invade ao te ver (ter?) não vale a dor infinita que sinto quando tu parte)