quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Cicatriz

Entendo bastante de cicatrizes.
Semanas antes de completar um ano de idade, eu caí no chão. Claro que não lembro, mas a marquinha branca até hoje figura em meu queixo.
Aos seis anos, um balanço em movimento com uma menina me atingiu. Minha bochecha tem até hoje um sinal.
Essa semana tirei um dente, o corte ainda está um tanto aberto.
A questão é que sempre dói. É uma dor que nos impede de sequer pensar em outra coisa.
....
Há alguns anos, bom, é difícil dizer. Não fiz uma tatuagem, mas algo que em minha cabeça soaria mais poético. Escrevi teu nome em minha pele com a ponta de meu brinco. A cada corte eu sentia a dor, mas eu estava adorando senti-la. Talvez tu ainda lembres do sangue que escorria, da cicatriz que carreguei orgulhosa. Desde então, parece-me que tomaste afeto pela brincadeira: será que cada vez que nos vermos me deixará alguma marca?
As letras outrora tão brilhantes em minha perna já não podem ser lidas, até porque o sentimento está longe de ser o mesmo. Mas me restam algumas marcas roxas e um pequeno corte no braço. Isso tudo já nem me importa, sairá com o tempo, bem como o teu nome.
Mas as cicatrizes que insistes em deixar em minha alma? Dessas sim, eu nunca estarei livre.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Verde e roxo

Não é dor, tampouco saudade. É uma sensação estranha, indecifrável, que me invade sempre que abro o armário do banheiro. Acho que no fundo eu espero que no dia seguinte, quando acordar, ela não esteja mais ali. Ou que não esteja sozinha, não sei.
Ver a escova de dente verde, ao lado da minha roxa, é estranho. Desde o primeiro dia eu sabia que era errado, que ela nem deveria estar ali. E eu sempre imaginava quantas noites mais ela suportaria, quantas nós suportaríamos. Era tudo sujo, imoral: mas as escovas de dente estavam lá para deixar uma sensação de limpeza, mascarando a imundície das consciências.
Quando começou e quando acabou, já nem sei... acho que nunca falamos disso nas noites escuras, que escondiam tantos segredos. Sempre me pergunto: por quê? Nunca encontro uma resposta. Verde e roxo não combinam, mas ficam tão bem juntos, ocultos pelo armário.
Todos os dias ao ver as escovas, sinto essa coisa estranha, essa cócega na barriga. Hoje não foi diferente, peguei a roxa e escovei meus dentes. Com um sorriso, coloquei a verde no lixo. Não como quem se livra da sujeira e das coisas antigas, como um sapato velho. Mas como uma criança que coloca fora o papel do docinho que comeu antes do almoço, sem que ninguém soubesse. Sorri novamente.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Post nostálgico e emo sobre uma das melhores pessoas que conheci



A foto é velha (2006?), os sentimentos que a acompanham são antigos também. Cara, encontrei o fotolog dela - abandonado - e agradeci à tecnologia! Obrigada internet, que vai registrar pra sempre (?) momentos assim. Não que eu não vá lembrar, mas aprendi a não confiar muito na minha memória.

Ainda hoje lembro do frio, das bolas de neve e do abraço. Da Fer tirando a foto e a gente ali! Acho que nem se a internet for infinita caberiam todas nossas histórias. Ou todo meu sentimento.

É uma amizade que não acaba nunca e aumenta a cada dia! E é também um orgulho, um respeito, uma admiração eterna!

Vendo as fotos tão velhas no flog, senti um aperto no peito, uma saudade tão grande! Lembro do medo que tinha ao começar a virar 'gente grande', não queria perder minhas amigas! E tu, Fabi, é o maior exemplo de que isso não acontece, quando a amizade é verdadeira. E esses km que nos separam, nos tornaram ainda mais unidas, mesmo que a gente não possa mais dar todo dia esse abraço apertado!

De qualquer forma, por todos esses anos, já tentei diversar vezes expressar em palavras o que eu sinto e penso. Eu sempre falho miseravelmente.

Finalizando: a foto? A gente como tem que ser: juntas. Juntas no bar, na praia, na chuva, na calçada, no posto, na náááiti, na neve e certamente no fogo do inferno. (haha)

Te amo, melhor amiga!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

E a Carol?

Ela era minha melhor amiga. Lá pela sexta série, íamos juntas pras festinhas que duravam até a meia noite. Sempre fomos muito diferentes: ela me complementava. Era meu porto seguro, minha confidente. O tempo passa, a distância aumenta, as diferenças que antes desconsiderávamos passam a incomodar. O contato é perdido, a importância não. Encontrei-a no fim de ano, nas primeiras horas de 2009. Vi ela assim, meio de longe, mas o suficiente para reconhecer: corri, abracei, chorei. "Tu jura que vem me visitar?" - ela perguntou, "Sim, vou mesmo". E eu fui esse fim de semana.
É estranho ver como a 'tia' mudou, como o irmãozinho que antes me jogava bichinhos de pelúcia está maior que eu. Saímos para um sorvete na chuvosa tarde da praia - nós tomamos rumos tão diferentes. Cidades distantes, cursos opostos, ideais distintos. Falamos sobre a vida, o que fazemos e quem somos hoje. Mas jamais nos esqueceremos do porquê o somos. Daqueles anos tão doces, segredos tão bem guardados e problemas que pareciam tão sérios.
Foi necessário pouco para que caíssemos no silêncio. "E a Carol?". "Qual Carol?". "A que sentava na frente do quadro...". "Sei, sei.. o que tem a Carol?". "Vi ela esses dias... tá fazendo Medicina.". "Hm, Medicina". "Que legal... legal pra Carol."
Mas não quero acreditar que o que nos une é a Carol, da Medicina. São muitos anos de cumplicidade pra resgatar em um sorvete, acho que foi melhor ficar em silêncio. Um silêncio que gritava todo o meu sentimento, revelado no "a gente se vê".
Porque a gente sempre se vê.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O fundo do poço tem trilha sonora

"Eu sei que vou te amar, por toda minha viiiiida vou te amaaaaaar". Essa música está me perseguindo, sério. É a Maysa, o rádio, o cara do andar de baixo... Me peguei no ônibus cantarolando "deseperadamente eu vou te amaar" e as lágrimas entupiram meus olhos. Pra chorar ouvindo isso, só no mesmo momento em que eu choro vendo Luciano Hulk. Pois é, minha gente, esses momentos existem. Mas, poxa, a mulher tinha 47 filhos, era lindo. :~
Outra que eu não aguento mais ouvir - morra, novela: "que beijinho doce que ele teeeem!". Ai, é tão bonitinha. Sim, dei um mergulho na infelicidade e estou bem assim! Menos quando todos meus colegas de trabalho me viram chorar e ir pro banheiro na altura do "nunca maaaais amei ninguém". Enfim, era um cisco no olho, juro!
Despeço-me agora. E só volto a postar aqui quando músicas infernais sairem do meu cérebro.

...perguntaram pra mim... se ainda gosto delaaaaaaa.....

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Crianças - esses seres adoráveis

Não sei como dizer isso educadamente: eu não gosto de crianças. Ok, tem umas legais, divertidas e tudo mais, acho até que todas devem saber ser assim. Mas me refiro àquelas que fazem questão de NÃO ser. Aquelas que choram por qualquer besteira, correm nas lojas, fazem escândalo e xingam todo mundo. Tipo: mal-educadas pra caralho. Crianças vivem me acordando com seus berros em ônibus, isso me deixa furiosa. Mais furiosa ainda eu fico com pais que nem se importam - isso aí, incentivem o mau comportamento.
Tive minha carteira roubada, junto perdi todos meus documentos. Ok, que lixo. Segunda-feira acordei cedo (pros meus horários) e lá fui eu, sem nem almoçar, pro Instituto Geral de Perícias. Cheguei lá às 12:45, peguei a senha 253 pra fazer a segunda via da Carteira de Indentidade. Estava ainda na 214, logo, demoraria uma eternidade pra eu ser atendida. E eu lá, com fome, CALOR e raiva. Pelo menos tinha um livro na bolsa, como sempre, fiquei lendo. Gente que não acabava mais, eu repassando mentalmente as mil coisas que tinha que fazer. Lá pelas 14:00, um senhor que atendia chamou a atenção de todo o povo que esperava "O sistema tá fora do ar, sem previsão de volta". Tipo: "morra, sistema". Indignada, fui embora.
Descobri que tinha como agendar pela internet, foi o que fiz: hoje, às 12:20. Cheguei lá pontualmente, olhei pra multidão que esperava (como eu segunda!) e passei adiante. Na mesa ao lado da minha, uma criança fazia a primeira via da identidade, junto da mãe. Até aí, tudo certo. Quando chegou a hora da foto, a criatura resolveu que não ia tirar! E ficava lá, fazendo uns vida loca com as mãos, abrindo sorrisões e balançando o rosto. E a mãe: "Bruno, por favor!". O atendente: "outra...". Sem mentira, o bocó precisou de umas 7 fotos até conseguir uma razoável. Eu queria espancar ele, tipo, isso aqui não é fotinho de colégio que todos tem o maior tempo do mundo! E ele não tinha 3, 4 anos que não entendia... tinha quase uns 10! Bah, isso pra mim é gente sem limite, é como os colegas retardados que eu tive que no terceiro ano que se jogavam bolinhas de papel. Gente que não cresce. E eu só pensando nas pessoas lá fora.... Ah, é por isso que na segunda fiquei horas sentada e a fila não fluia. Idiota.
E eu nem sou tão mal humorada. Mas até hoje só tive experiência ridícula com crianças, daí generalizo: tenho raiva de todas.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Para não fugir do óbvio: a viagem - parte 1

Tantas, tantas, taaaantas coisas nos últimos dias. Meu bloquinho inseparável voltou cheio de idéias.
Acabo de chegar na cidade vazia e vim direto pro trabalho, que raiva. Lembrei do tempo que passava o verão todinho na praia - e reclamava. Eu não gosto de calor, nem de praia. Mas dos males o menor: antes verão+praia do que verão+trabalho. Como eu 'não posso' escolher, eis me aqui.
Todos os anos da minha vida, ficava indignada com o bando de gente que invade as praias na semana do Natal ao Ano Novo - aff, gente pobre! Que máximo, agora sou um deles! E já que pertenço ao clube, executei minhas tarefas direitinho, como (não tão) rapidamente tentarei descrever.
Passagem comprada pra sábado, 17:30. O trabalho no sétimo dia vai geralmente até 14:30, uma maravilha! Trouxe a mala e deixei com o - querido! - porteiro, assim quando eu saísse nem tinha que passar em casa, ia direto num churrasco de um amigo e depois pra rodoviária, teria tempo suficiente. OBA: Israel atacou a galera e quem se fodeu fui eu junto! Mas que legal é ficar vegetando no jornal no único dia que eu tinha pressa, valeu aí Gaza! 15:15 fui pro aniversário, é uma maravilha não comer carne num churrasco. Não que eu tivesse fome, mas 'hoje tu vai comeeer' e 'só um salsichão' são frases chatas e nada engraçadas, anotem! O que resta é beber e rir, sem perder a hora. Quem disse que o táxi chega? 17:17: 'vai voando, moço!'. Não era pra ele levar a sério, acho. Fui com o coração na mão, enquanto ele ultrapassava os sinais vermelhos. Chegando na rodoviária, eeeta tranqueira! Que legal que toodo mundo viaja de ônibus, saí correndo com uma mala gigante em busca da tal plataforma sei-lá-que-número. Consegui!
E o ônibus? Adóóóóóóóro pinga-pinga! Detalhe: eu sempre durmo em viagens. Estava sonhando antes do ônibus arrancar, com um simpático velhinho no banco do lado, mas não sem antes implorar 'por favor, me liguem daqui 3 horas, senão vou perder a parada'. No maior sono e alegria do mundo, a viagem seguiu. Eu estou numa nuvem fofinha, vou voando... tudo tão calmo... de repente as nuvens me dão choques no cotovelo! Choques intermináveis! Acordo desesperada: um senhor CUTUCA meu cotovelo insitentemente - 'sua passagem, senhorita'. Caralho, já não dei a passagem lá na frente? Raiva, raiva, raiva!
Já acordada, resolvo ir ao banheiro, a cerveja toda pedia pra sair. Que coisa péssima é banheiro de ônibus! O drama começa em chegar lá no fundo, com o transporte pulando de tanta buraqueira - maravilha de estrada desse Brasil! Tudo certo, volto e cochilo mais um pouco. 'AAAAAAAAH! AAAAAAAAAH!'. Não, Israel não atacou o ônibus também, é só uma criança no banco do lado berrando. O que os pais fazem?
a) 'Fica quietinha, filha'
b) 'Para, filha!!! Tá acordando as pessoas'
c) dão um safanão
Resposta: nenhuma das alternativas. Os infelizes APLAUDEM a criatura que me acordou, mesmo diante do meu olhar de ódio. Resultado: resto da viagem aos berros! Elaiá, que beleza! A propósito: o homem do meu lado sumiu, agora o banco é ocupado por uma moça loira. Por que eu não vi isso? Será que o velhinho foi só uma ilusão?
De qualquer forma, horas depois eu cheguei num lugar nunca visto. 'Rodoviária de X', berrou o elemento que antes me acordou. Peraí. Eu veraneio em X há anos, a rodoviária não é aqui. 'É aqui sim, blablabla'. Enfim: saí do ônibus, né, mesmo sem ter a menor idéia de onde eu estivesse.
Adoro essa vida popular!
Sobre as noites e outros fatos, esvrevo em outros posts.
Em tempo: a rodoviária mudou e, aparentemente, só eu não sabia.