segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

E a Carol?

Ela era minha melhor amiga. Lá pela sexta série, íamos juntas pras festinhas que duravam até a meia noite. Sempre fomos muito diferentes: ela me complementava. Era meu porto seguro, minha confidente. O tempo passa, a distância aumenta, as diferenças que antes desconsiderávamos passam a incomodar. O contato é perdido, a importância não. Encontrei-a no fim de ano, nas primeiras horas de 2009. Vi ela assim, meio de longe, mas o suficiente para reconhecer: corri, abracei, chorei. "Tu jura que vem me visitar?" - ela perguntou, "Sim, vou mesmo". E eu fui esse fim de semana.
É estranho ver como a 'tia' mudou, como o irmãozinho que antes me jogava bichinhos de pelúcia está maior que eu. Saímos para um sorvete na chuvosa tarde da praia - nós tomamos rumos tão diferentes. Cidades distantes, cursos opostos, ideais distintos. Falamos sobre a vida, o que fazemos e quem somos hoje. Mas jamais nos esqueceremos do porquê o somos. Daqueles anos tão doces, segredos tão bem guardados e problemas que pareciam tão sérios.
Foi necessário pouco para que caíssemos no silêncio. "E a Carol?". "Qual Carol?". "A que sentava na frente do quadro...". "Sei, sei.. o que tem a Carol?". "Vi ela esses dias... tá fazendo Medicina.". "Hm, Medicina". "Que legal... legal pra Carol."
Mas não quero acreditar que o que nos une é a Carol, da Medicina. São muitos anos de cumplicidade pra resgatar em um sorvete, acho que foi melhor ficar em silêncio. Um silêncio que gritava todo o meu sentimento, revelado no "a gente se vê".
Porque a gente sempre se vê.

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