quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Verde e roxo

Não é dor, tampouco saudade. É uma sensação estranha, indecifrável, que me invade sempre que abro o armário do banheiro. Acho que no fundo eu espero que no dia seguinte, quando acordar, ela não esteja mais ali. Ou que não esteja sozinha, não sei.
Ver a escova de dente verde, ao lado da minha roxa, é estranho. Desde o primeiro dia eu sabia que era errado, que ela nem deveria estar ali. E eu sempre imaginava quantas noites mais ela suportaria, quantas nós suportaríamos. Era tudo sujo, imoral: mas as escovas de dente estavam lá para deixar uma sensação de limpeza, mascarando a imundície das consciências.
Quando começou e quando acabou, já nem sei... acho que nunca falamos disso nas noites escuras, que escondiam tantos segredos. Sempre me pergunto: por quê? Nunca encontro uma resposta. Verde e roxo não combinam, mas ficam tão bem juntos, ocultos pelo armário.
Todos os dias ao ver as escovas, sinto essa coisa estranha, essa cócega na barriga. Hoje não foi diferente, peguei a roxa e escovei meus dentes. Com um sorriso, coloquei a verde no lixo. Não como quem se livra da sujeira e das coisas antigas, como um sapato velho. Mas como uma criança que coloca fora o papel do docinho que comeu antes do almoço, sem que ninguém soubesse. Sorri novamente.

Um comentário:

Kev. disse...

o fundo de tela do blog e verde e roxo ;P ( e amarelo tambem hheheh e tem a flor que não da pra ver direito)
bjo