sexta-feira, 29 de maio de 2009

Sobre levar as malas pro fusca lá fora

Por mais que o vislumbre de um lugar melhor seja delicioso, não é sem dor que vejo as malas e móveis empilhados no canto da sala.
As paredes não falam, mas eu posso ouvi-las contando histórias de dias que passaram e pessoas que também se foram. As manchas roxas na parede riem lembrando dos fins de semana com os amigos e o vinho; o espelho do banheiro poderia fazer minha maquiagem; e o canto do que era meu quarto é testemunha de noites de lágrimas e - principalmente - risos.
Doi arrumar as malas, mas tirar as fotos das paredes me faz mais feliz. Aqui ou onde quer que eu vá: não as fotos, mas vocês vão junto comigo.

(Siga onde vão meus pés
Porque eu te sigo também)

quarta-feira, 6 de maio de 2009

colapso

minha cabeça cansada já não consegue colocar em palavras o que vê e sente. a pilha de livros ao lado, os cacos de vidro na cozinha, a sensação engraçada no peito. meus pés mais gelados que nunca e a agonia por não conseguir escrever.

mas olho para a frente e - embora seja noite - vejo o sol. penso na voz que me fará dormir e nos pés que aquecerão os meus logo mais: não importa quantos dedos eu tenha colado com superbonder, eu estou feliz.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

mais um bilhete

Sabe, mãe, acho que nunca conversamos sobre algumas coisas. Na verdade, falamos sim, mas sempre rindo e brincando. Mãe, tenho que te confessar que adoro o jeito que ele beija minha mão quando eu menos espero, como ele me ouve contar o dia com toda a paciência e me ajuda com as coisas das aulas. Ele repara nas minhas unhas, mas só quando estão bonitas - e é por isso que faço questão de arrumá-las sempre. Brinca com meu cabelo e bagunça ele todo, eu sempre finjo que fiquei braba, mas na verdade ficaria a vida toda com os fios emaranhados. Mãe, ele vira uma criança junto comigo quando uso meus band-aids de ursinho... e sempre, como tu, fala pra eu não esquecer de levar um casaco ao sair de casa. Não, eu não sinto o coração saltando quando o vejo, nem ouço os sinos tocarem. Eu sinto... paz. Uma paz que eu não sabia que era possível sentir até que eu o conheci, uma paz que faz com que minhas viagens de ônibus tenham o caminho mais bonito e meu sono seja mais calmo. E, sabe mãe, ele me faz sonhar. Não aqueles meus sonhos loucos de antigamente, eu e um cara fugindo juntos de um tiroteio... mas imagino uns domingos por aí, vendo tv ou dormindo um pouco. Por ele eu sei que não vou chorar... pelo menos não a qualquer momento, como sempre aconteceu em minha vida.




Enfim, mãe, escrevo essas linhas para avisar que encontrei a tranquilidade que tu tanto me desejou nesse último Natal... E para te garantir que estou feliz como há muito tempo eu esperava...