quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A pessoa errada*

* este NÃO é um texto sério. Eu não sou pesquisadora, muito menos vivenciei qualquer uma das situações citadas aqui.
Devido ao fim do semestre, à correria no trabalho, aos amigos cada vez mais loucos e à minha vida cheia de imprevistos, estou há milênios sem postar. E justamente por ter tantas coisas para fazer/resolver, vim aqui escrever algumas linhas - talvez eu me prolongue.Reclamam que eu só posto coisas tristes, inúteis e etc, portanto vim até aqui para registrar mais uma inutilidade e pensar um pouco sobre o que a maioria das pessoas vive falando e sabe muito mais que eu: relacionamentos. Mas, aposto, ninguém me vence em experiência com um tipo específico: relacionamento com a(s) pessoa(s) errada(s).Tudo começou aos 13 anos, quando eu era uma menininha meiga e ingênua (HAHA) e me apaixonei pelo cara estranho do fundo da sala, que mais tarde - quando sentei perto dele em uma aula de português - bateu em mim com um caderno (risos). Todos me diziam que ele tinha problemas, ele tinha até calos nos DEDOS, porque era viciado nesses jogos de internet. Hoje - queimada por toda a cidade - muito mais vivida e sábia, continuo me envolvendo com esse tipo de gente com a mente ou a vida deturpada. E, após anos de práticas e estudos, venho a público apresentar minhas conclusões sobre os relacionamentos com: namorados (alheios), ex-namorados (meus), casados, ex-casados (nunca comigo!!), colegas, pessoas com idade mental inferior a 7 ou superior a 70, maníacos, viciados, ex-viciados, apaixonados por outras, canalhas, cachorros, colorados, retardados, tocadores de violoncelo, ____________(coloque o problema de seu pegada aqui).

FASE 1
Você o vê. Está andando em direção à faculdade com sua amiga, e lá está ele fumando um cigarro/batendo em alguém/jogado no chão/saindo do carro/de mãos dadas com a esposa com suas calças rasgadas ou seu terno. Sua amiga, que te conhece, percebe as conexões que estão sendo feitas em seu cérebro antes mesmo de você e fala: "não, por favor". Já é tarde e você já estabeleceu o contato visual, se for mais ousada até já colocou um bilhetinho com seu telefone no bolso do cara. Ah, é engraçado.

FASE 2
É onde se estabelecem os primeiros contatos. Ele está ali no bar, não custa nada pedir uma cerveja e dar um oi, mas só pra ver se o cara é legal. A amiga olha com um ar de reprovação e fala "desisto, faz o que quiser". HAHA, é claro que você ia fazer o que quer, como se ela não soubesse. Ele responde "oi", te comendo com os olhos. Você vê a aliança/droga/calos. E não se importa.

FASE 3
Você liga para a amiga dizendo que ele é uma boa pessoa, não fosse um probleminha, que não importa: ele será um bom amigo. Aliás, o bom amigo liga, só pra uma cervejinha inocente. Vocês se pegam loucamente no carro/praia/atrás da árvore/lugar isolado.

FASE 4
Vocês se vêem novamente e se agarram. Sua amiga está decepcionada, você jura que não temproblema, afinal não quer nada sério, ainda mais com ELE. É só diversão, aquela aventura toda, mensagens apagadas, desculpas para ninguém perceber. Cada dia - ou noite - é melhor, você se sente uma criança comendo doce antes do jantar, afinal você é indiferente a isso, só acha engraçado.

FASE 5
As pessoas começam a desconfiar que algo está errado. Você nega. Começam a se ver com mais frequência, encontros furtivos. Você diz para sua amiga que pode parar quando quiser. Ela ri - para não chorar - e fala que você ainda vai: buscá-lo na clínica de reabilitação/apanhar da oficial/ajudar a criar a criança.

FASE 6
Você começa a se sentir triste quando vocês não se vêem. Se convence de que é só porque se acostumou e resolve sair com suas amigas para uma noite daquelas, pra não perder a prática. Sem ele saber, claro. Sua fiel amiga fica feliz por ter a guerreira de volta.

FASE 7
Você não beijou ninguém, e entre um drink e outro sua amiga diz que ele não presta. Você sabe disso. Pior: manda uma mensagem quando chega em casa dizendo que está com saudade, mesmo tendo o visto no jantar. Sua amiga descobre e diz que você é patética. Você manda ela à merda.

FASE 8
Ele não te liga durante um dia todo. Você chora e liga pra (coitada) da amiga. Diz que está apaixonada. Que não sabe viver sem ele. Ela te consola por uma tarde inteira. Você marca um jantar com ele para poder conversar.
FASE 9
Você avisa que tem uma surpresa para sua amiga, ela faz uma cara de quem não aguenta mais. Ela olha com pena quando você pronuncia as seguintes frases ou similares "Ele disse que vai largar da oficial/das drogas/parar de fumar, beber/que prefere eu ao Inter/eu à ex;que vai tratar os calos e parar de jogar". Ou, quando ele é inescrupuloso mesmo: "ele disse que me ama". Você começa a planejar o casamento, sabe que cedo ou tarde ele fará o pedido. Ah, você o ama. Afinal, ele é o melhor que apareceu na sua vida.

FASE 10
Ele some. Ou te bate. Você o ama cada dia mais. Se vocês terminarem, você começa a fazer terrorismo. Manda e-mails, espera na porta do escritório, liga de madrugada e desliga quando ele atende. Ele manda avisar que sabe que é você: você nega. Sua amiga diz que você está louca.

FASE 11
Você acorda num lugar calmo e branco. Tudo é lindo e gira um pouco, seus braços estão presos, mas sua mente está voando. Você está num hospício. E sedada.

Enfim, esse é um estudo que dará base à minha monografia. Ok, ok. Eu tive que inventar as últimas fases. Nunca passei por elas, afinal, sempre aparece um namorado (alheio), ex-namorado (meu), casado, ex-casado (nunca comigo!!), colega, pessoa com idade mental inferior a 7 ou superior a 70, maníaco, viciado, ex-viciado, apaixonado por outra, canalha, cachorro, colorado, retardado, tocador de violoncelo, ____________(coloque o problema de seu pegada aqui) novo e me tira do foco. Fazer o quê, é a vida. :D

Beijo, tchau!


terça-feira, 21 de outubro de 2008

Os gritos de novo: eu não aguento mais. 'A menina não! Tudo, mas não encosta nela!' e as batidas e os berros, meu pai não me encostava, mas isso não impedia que eu sentisse. A cada grito, cada tapa, cada soco que ele dava em minha mãe, também eu sentia a dor, a derrota, a humilhação e ele às vezes passava semanas sem voltar para casa, não sei bem o que ele fazia, era quando eu mais gostava - mas mesmo assim eu dormia com medo. E aí ele chegava e falava aquelas coisas que eu não entendia e batia a porta e quebrava as coisas. Daí ninguém mais ria e o cheiro dele tomava a casa que a gente fiva limpando, eu e a mãe, e ela dizia pra ele parar e ele só batia e batia sem pena mesmo. E eu tentava fazer ele parar, mas ele não me ouvia, não me entendia, ele parecia um monstro que só queria fazer aquelas coisas ruins e aí eu chorava. Ficava chorando no canto que era perto do banheiro, adoro aquele banheiro branquinho e a toalha que a mãe bordou, era rosa e ficava do lado da pia, eu manchei uma toalha pintando o cabelo, adoro essa cor loira que brilha e brilha e brilha, os gritos voltam e eu quero que parem, mas eles ficam entrando na minha cabeça e não me deixam pensar. Meu pai chegava em casa e ele era alto e me lembra todos os homens que eu conheci, mas acho que eles não batiam nelas, nas mulheres, não todos eles, porque eles ficavam sempre comigo e diziam que queriam casar, mas lembro que ,antes de acontecer, minha mãe disse que homens eram assim. Então eu nem ia casar, porque eles já eram casados mesmo e eles terminavam e eu fugia, fazia como meu pai. Minhas unhas estão descascando, adoro esse esmalte que parece sangue - sangue da minha mãe, mas a cor não grita, minha mãe gritava e eu também, aquela mulher uma vez gritou comigo também, dizia que o marido era dela e a criança no colo dela, a criança estava ouvindo, a criança ia ficar triste e eu dizia pra ela parar, ela não ficava quieta nunca, daí eu tirei da bolsa e parou. As pessoas sempre param. E lembro quando eu saí de casa, eu só comprava saias, eu perguntei uma vez e minha mãe disse que as famílias eram assim mesmo, que os homens eram assim mesmo, e eu tenho umas blusas lindas também, combinam com minhas saias e ajudam tudo a ficar assim, porque minha mãe disse aquela vez que as coisas aconteciam desse jeito. Vou pegar um cigarro, sempre perco o isqueiro, ainda bem que tem fósforo, e adoro sentir a fumaça que entra nos meus pulmões com força, que força que meu pai batia!, e o psiquiatra me disse que eu tinha muita vontade de viver e era um exemplo, mas viver pra mim é sentir esse ar dentro de mim e colocar ele pra fora, colocar os homens pra fora de casa, porque eu que mando e faço as coisas, não quero bater em ninguém, mas é assim que a vida é. E o psiquiatra fala que é um milagre eu ser tão confiante depois de tudo que eu passei, mas eu confio só em mim mesma e isso é muito fácil, porque eu nunca grito, nem choro mais, tudo isso passou e a última vez foi aquela do sangue, igual ao meu esmalte, tenho que marcar uma hora pra arrumar e pintar meu cabelo também, tenho que ser linda, fazer as famílias ficarem do jeitro que devem ser. Meu cigarro tá acabando, vou acender mais um, aquela vez minha mãe tava com o cigarro na boca também e eu brincava com minhas bonecas loiras como eu sou agora e a gente ria, daí ele chegou - fazia tempo que não vinha - e a gente parou de rir e ele empurrou e machucou e eu ficava só assistindo escondida, com as lágrimas. A vista daqui de cima é linda, uma vez eu tava aqui com aquele homem e ele tirava a aliança sempre e dizia pra eu parar de arranhar e morder ele que a mulher ia ver, que eu sempre deixava marcas, mas meu pai deixou as marcas maiores e ele jogou minhas bonecas longe e bateu na mãe que disse pra parar, ele tirou a navalha e ele cortou ela toda e ela gritava, e eu chorava, o sangue era igual ao meu esmalte, só que não parava de sair nunca. E daí tudo parou e não houve mais lágrima ou berro, daí ficou tudo escuro, mas as famílias são assim mesmo e elas têm que ser desse jeito. Vou pegar mais um cigarro, meu celular não pára de chamar, e é a mulher desse homem que sumiu, eles sempre somem, eles não querem mais voltar. Vou jogar esse celular longe, ah, meu isqueiro tá dentro da bolsa, do lado da navalha, igual a que o meu pai tinha, eu uso às vezes, porque os homens têm que ficar longe de mim depois de um tempo, não quero que eles casem comigo, porque eu nem quero uma família mesmo, o psiquiatra fica dizendo que eu tenho vontade de viver, eu tenho mesmo, quero viver sempre, aí vêm os gritos, as lágrimas, ele batendo nela, essa vista linda, vou sentar na janela pra fumar e pensar, não sei com quem vou sair hoje, os gritos voltam, cada vez mais forte e eu sempre fui muito confiante, olha a minha mãe lá embaixo, quero contar pra ela o que eu aprendi sobre as famílias, vou até ali, vou pular, ela não chora também e ela está acenando porque me vê, vou ali porque nunca mais chorei, mãe, mãe, mãe, mãe, mãe, mãe, mãe.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Aqueles dias


Eu e ele não temos uma relação bem resolvida. Quando mais nova, amava quando ele vinha me ver: só ia brincar pelas ruas quando ele estava junto. Cresci um pouco e - talvez a raiva adolescente - tenha me feito odiá-lo. Ele não colaborava... ia a todos os lugares, não me deixava. E eu fugia, me escondia através dos óculos escuros e roupas estranhas, talvez isso o espantasse. Mas não. Incansável, ele me perseguia pelas ruas e até invadia minha casa pela janela: um inferno. Será que ele não percebia que eu o queria bem longe? Minha mãe, como toda mãe, dizia que ele era uma graça, que eu deveria dar uma chance. Muitas vezes até tentei sair com ele, ver o que poderia ganhar com isso. Mas ele pode ser traiçoeiro. Por vezes me queimou, me machucou, me fez ficar dias sem sair de casa - de dor, de vergonha. Hoje em dia, não posso dizer que somos melhores amigos, mas também não somos inimigos. Talvez seja paixão: quando fica muito tempo sem aparecer, sinto um aperto no peito de saudade. Também não quero que ele me sufoque.

Mas uma coisa nunca muda, e nas últimas semanas ele tem feito certinho: Sol, meu bem, adoro acordar e te ver pela janela iluminando meu dia, dizendo que tudo vai dar certo. Ah, aqueles dias magníficos em que o Sol sorri pra gente logo ao acordar...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Sobre enfrentar - um rascunho ou desabafo

Enquanto tomo o porre de café diário, sonho com um jantar quentinho que não existiu e leio, deparo-me com a expressão. Mudou meu dia, sério. 'O modo como tu enfrenta a realidade/mundo'.
Taí, eu enfrento o mundo. Diariamente, começo enfrentando o despertador e acabo quando deito, enfrentando a consciência.
Ok, admito. Ultimamente tenho fugido da batalha. É tão errado... e é tão bom.

Ângela, você está louca, meu bem.

Um dia, quando estiver menos feliz, quero escrever e pensar mais sobre isso. É só pra não esquecer.

domingo, 5 de outubro de 2008

O topo é solitário

mas a vista é maravilhosa.