terça-feira, 17 de março de 2009

as luzes da cidade

Marina ia à chacara de seus avós todo fim de semana. Gostava de lá, de tudo que podia fazer e de quanto brincava. Corria com os cachorros, seguia as borboletas e sempre queria andar no cavalo - mas tinha medo! Marina era acostumada com seu apartamento pequeno no oitavo andar, de onde podia ver as luzes da cidade todas as noites. Por isso foi estranho quando, aos seis anos, viu pela primeira vez um vagalume na chácara. Aquela luzinha voava tão bonito, era impossível não se encantar. Seus olhos brilharam como nunca e coreu pra casa contar pra sua mãe. A avó que ouvia a conversa riu, disse que eles sempre apareciam atrás da casa. A partir disso, todas as noites Marina sentava quietinha em um degrau da escada dos fundos, esperando o vagalume aparecer. Não queria ele só para ela, contentava-se em contemplar toda aquela beleza, com um sorriso no rosto.

Quinze anos depois, Marina vive tudo isso de novo. No meio de tantas luzes descaradas - comuns na sua vida - encontrou um vagalume. Tão bonito, tão diferente de tudo, de todos. De sua cadeira nos fundos da sala, Marina se sente como no degrau de tanto tempo atrás. Só observa. E sorri.

(o brilho nos olhos é o mesmo)

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