terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Quando comecei a ser chata?

Sobre como tudo muda em um ano
Ano passado, preenchendo o formulário do ENEM (aquele com milhões de perguntas aparentemente inúteis, pra todas havendo a resposta 'sou de/participar de/ajudar minha comunidade indígena') tinha a questão 'Você trabalha?'. Analisei as respostas, ignorei a opção indígena, e meus pais riram juntos, perguntando se não tinha a alternativa 'Não sei o que é isso'. Bom, eu sei o que é isso agora, quem diria. Costumava dizer que faria toda a faculdade sem trabalhar, meus pais apoiavam e foi exatamente o que fiz no primeiro semestre desse ano. Saía noite sim-noite sim, não tinha compromissos, acordava ao meio dia e lotava minha casa com vários amigos e colegas, motivo pelo qual meus vizinhos me odeiam.
Quando comecei a trabalhar, as pessoas riam e diziam que não tinha nada a ver comigo, imagina! E realmente não tinha, mas as pessoas aprendem. Eu aprendi a ficar em casa e dou valor a cada segundo em que fico lendo um livro em silêncio deitada na cama, não no caos que é uma redação. Meus amigos me visitam e tenho surtos psicóticos pra ninguém berrar, afinal, coitados dos vizinhos.
Ano passado, eu só comia o que queria, de preferência feito especialmente pra mim. Agora, como todos os dias o arroz-feijão-salada do RU de sempre, às vezes me aventuro na cozinha e até não me importo muito de ir a um restaurante sozinha.
Ano passado, eu entrava em qualquer carro de amigo que me oferecesse carona pra voltar pra casa depois da noite. Agora, tenho neuroses e faço interrogatórios: tu bebeu? quanto? tu tá consciente? Enfim, perguntas super chatas mesmo, e já deixei de aceitar carona: eu pego um táxi, bem mais seguro.
Ainda no início do ano, minha casa era superpovoada e tudo mais. Hoje emdia, tenho ataques com quem aparece no meio da tarde sem avisar, quem suja meu chão, larga copos por aí ou encosta nas minhas plantas. Ah, sim, eu tenho plantas. Tenho também o guia telefônico - que coisa de gente chata! E chego em casa do trabalho ali por 3 e meia, 4 horas, e varro a casa. Ninguém merece lugar sujo ou desorganizado. Aliás, minha mesa do trabalho é mega organizada: sou louca e estipulei um lugar pra garrafa de água, a de café, os copos, o jornal e os blocos.
Minhas preocupações são com contas pra pagar, viagens e minha família, não mais com o guri da outra turma que pegou não sei quem. Que tipo de pessoa eu me tornei?! Não, não me ajudem a sair dessa. Eu gosto muito. :)
São só uns exemplos, mas às vezes me pego pensando como tudo muda assim, e a gente nem percebe.
Tudo não, né. Porque nesse exato momento estou digitando com um band-aid na mão, que eu cortei tentando fazer comida - que ficou horrível. E o band-aid é de girafas.

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