sábado, 13 de setembro de 2008

"Já nao sei se restou algo no ar...

já não sei se há algo mais a perder...."



Tchau.

Sempre fui eu que usei essa palavra, dizendo que não ia mais voltar.
Andávamos felizes pelo parque, eu olhava para o céu e dizia "não dá mais".
Sempre fui a primeira a dar as costas, sem nem olhar para trás, sem sentir falta das mãos dadas. Eu nunca gostei de mãos dadas, de gente se encostando: tu dizia que isso é frescura, mas sei lá.

E, às vezes, ao seguir caminhando pelo parque, eu enjoava de tanta gente que não significava nada, ou entrava em um trecho mais escuro e ficava com medo... então eu dava meia volta e retrocedia e tu sempre vinha devagar na minha direção. Acho que tu sempre soube que eu voltaria. Ah, quantas vezes voltei! Mas o que eu nunca deixarei de admirar são teus passos lentos, mas firmes. O modo com pega minha mão e me aceita, figindo que não fui eu que voltei - mas tu que me seguiu: sempre soube que sou orgulhosa.

Tu disse uma vez que me conhece melhor que eu própria e fiquei indignada, mas acho que estava certo. Isso porque tu sabia o que eu faria, saiae que um dia eu daria as costas... sabia até de coisas que nem eu lembro, coisas da minha infância.

Já faz tempo que enjoei das pessoas e resolvi voltar, mas a mão estava ocupada. Não tive escolha a não ser acenar de longe - como se tudo fosse um engano - e seguir o meu caminho no parque, mas agora as árvores estão me dando medo e o sol não bate mais aqui. Tudo o que encontro são algumas mãos frias que dão alguns passos e depois desaparecem, acho que são fantasmas.

Te desejo um caminho florido, com cachorros correndo para que vocês possam se abaixar e fazer carinho (lembra?). Talvez daqui muitos anos nossos caminhos se cruzem e possamos apenas dizer "Oi", com um sorriso sincero. Ou um "Penso em nós todos os dias". Seria mais sincero ainda.

Um comentário:

Amanda Costa disse...

muito lindo teu texto angie,tu escreve tri bem :D