Doía vê-lo assim, tão lindo, escorado naquela parede.
Difícil admitir, mas foi o inferno que havia nele que a atraíra. As roupas rasgadas, o cigarro no canto da boca e o olhar meio de canto, desafiador. Ela sempre gostou de desafios: ele vai ser meu, pensou logo que o conheceu. E agora, após tantos anos, depois de sentir na pele a dor que o inferno causava, ela voltava a vê-lo.
Sentir na pele não foi o pior daquele relacionamento conturbado, o que doeu mesmo foi sentir na alma. O estômago ainda se contraía ao lembrar dos tapas e chutes que as palavras e atos dele tinham o poder de fazâ-la sentir. Era raiva, sim, mas - acima de tudo - era amor. Um amor doentio, digno de estudo. Um sentimento que só fazia mal, não é fácil reconhecer.
Mas ela teve certeza de que ele reconheceu os restos da paixão tão bem escondida quando olhou em seus olhos ao acender seu cigarro. O olhar deixou de ser de canto, penentrou na sua alma e esculhambou tudo o que estava nas prateleiras do seu coração, tão bem organizado. Tantos anos dedicados a essa arrumação!
Doía vê-lo assim, tão lindo, escorado naquela parede.
Uma mistura de nojo e paixão, foi o que ela sentiu. Ódio de si mesma, foi o que me pareceu - vendo a cena de longe.
Doía vê-lo assim, tão lindo, escorado naquela parede.
Tão lindo, tão errado, tão seu que um dia foi.
E nunca mais será.
Um comentário:
só para constar que eu realmente gosto do que tu escreve aqui, sendo angela, monica ou fatima..
principalmente pq eu sei que tu não escreve só por escrever=)
bj sweet!
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